17.3.11

j'adore macarons

[Embalagens da J'adore Macarons com mini-macarons, fotos D.R.]


Depois dos cupcakes, os macarons. Modismo ou não, o tempo logo dirá, como sempre acontece nestas coisas. Até lá, não vejo que venha grande mal ao mundo por estarmos a tentar diversificar a oferta e a alargar a paleta de cores e sabores.
Não me vou alongar muito a explicar o que são os macarons. Biscoitos ou bolachas, o termo certo não é fácil de encontrar, mas, para lá da quase infinidade de recheios possíveis e cores imaginárias, ressalta a sua forma arredondada, a sua consistência crocante sem ser estaladiça, com uma massa que não chega a ser esponjosa e se desfaz, juntamente com o recheio, na boca. A receita, dizem, veio de Itália, mas foi em França, sobretudo na corte de Versalhes, que foi elevada à categoria de arte. No resto, casas parisienses como a Ladurée ou, mais recentemente, a Carette asseguram a tradição e os seus macarons são copiados um pouco por todo o mundo.
E é aqui que a coisa começa a piar mais fino. Copiar não é difícil; difícil é acertar na massa e nos recheios, pois pode até parecer uma brincadeira, mas nas melhores casas especializadas em macarons há chefes pasteleiros a tratar do assunto, o que deve querer dizer alguma coisa.
Em Lisboa, que eu saiba, podemos degustá-los no salão de chá Castela do Paulo, encomendá-los no sítio da Maison Macarons e comprá-los no ponto de venda da J'adore Macarons, ao Chiado. Das duas primeiras opções não falarei por falta de conhecimento próprio, mas fui, por fim, aos Armazéns Chiado, na rua do Carmo, para conhecer os macarons em versão lisboeta. Nas últimas semanas, várias publicações têm apresentado a J'adore Macarons como novidade, mas o negócio das amigas Mafalda e Liliana, apesar de bem intencionado e com um visual cuidado (o layout e as embalagens não são originais, mas fazem vista), divide as opiniões de quem já provou e gostou ou não.
Se reparar bem, eu falei em ponto de venda e não em loja. Não foi por acaso. Quando estiver no 4ª piso dos armazéns, no mesmo onde fica a entrada da Fnac, não procure uma loja e aponte antes na direcção da Bluestore, pois é em frente que está o pequeno quiosque da J'adore Macarons. À disposição, vários recheios (que, de caras, achei algo previsíveis: pistache, banana, café, caramelo, frutos do bosque, baunilha...) e tamanhos (do mini, a €0,55/unid, ao regular, a €1,10/unid, passando por versões maiores e especiais que chegam a custar €3,50/unid). Pensei em optar pela caixa composta de seis unidades (mini-macarons), mas ter-me-ia de sujeitar aos sabores — que não me entusiasmaram por ai além — e preferi eu mesmo escolher os que queria levar.
Na hora, provei um de pistache e outro de frutos silvestres. O tamanho dos regulares pode até ser generoso, mas pareceram-me mal acabados, para não dizer toscos. Tudo bem, é um trabalho artesanal, mas uma das coisas que mais distingue os macarons é a sua subtileza e finesse, o que falta aos da J'adore Macarons. Para não me ficar apenas nas aparências, acrescento que a massa estava fresca, mas tenho de dar razão a quem a comparou à de um suspiro. Excessivamente quebradiça. O recheio também não me deslumbrou e reforçou-me a sensação de estar a comer merengue e não legítimos macarons.
De propósito, fiz questão de guardar os restantes no frigorífico para ver como se portariam de um dia para o outro. Aguentaram relativamente bem e não notei que tivessem ficado mais secos, mas o veredicto está dado. São terríveis? Não, não são, mas também não são nada de especial. E isso, para quem sonharia encontrar em Lisboa macarons "à séria", pode ser uma valente decepção.

Armazéns Chiado, rua do Carmo, nº2, piso 4, todos os dias, das 10.00 às 22.oo

16.3.11

confraria lx (casa de chá)

[Entrada na rua do Alecrim, serviço de chá e aspecto geral da sala; abaixo: scones; fotos de JMS]


Testado (e aprovado) o conceito em Cascais, os sócios decidiram tentar também a sua sorte em Lisboa, pelo que da soma nasceu a Confraria Lx.
A recuperação de muitos edifícios, a par da abertura de lojas, restaurantes e cafetarias, está a dar um segundo fôlego à rua do Alecrim, e foi precisamente ai, logo no início para quem vem do Cais do Sodré, que o restaurante assentou arraiais. Não está sozinho, pois partilha o prédio azul — que por isso não passa despercebido — com o Lx Boutique Hotel, mas tem porta aberta para a rua e está pensado para servir quem passa, independentemente de estar ou não a pernoitar.
Ao almoço e jantar, à imagem e semelhança do que acontece na matriz, reinam o sushi, as saladas, as tapas e as sobremesas, mas disso, se for o caso, falarei numa outra oportunidade. É que me apeteceu ir à Confraria Lx a meio da tarde e testar até que ponto não se anuncia igualmente como casa de chá só da boca para fora.
À chegada, o anúncio de que vinha para lanchar causou na funcionária atrás do balcão uma momentânea hesitação... Confirmado que vinha, mesmo, para o chá e scones, tratei de me instalar junto a uma das janelas. O espaço é bonito, em tons de azul, rosa, lilás e castanho, com várias opções e recantos, além de apontamentos como candelabros ou aplicações pontuais em papel de parede inglês.
A fórmula chá (à escolha entre preto, preto perfumado, verde e vermelho sem teína, todos à €3) mais torrada ou scone, que sai por €5, pareceu-me perfeita, mas apreciei saber que, se quisesse, poderia ter antes optado por um simples café (que é como quem diz cappuccino, chocolate quente, galão, meia de leite ou até mazagran, que eu prefiro continuar a chamar de capilé) e que não receberia um redondo não caso me apetecesse uma salada, uma quiche ou um doce. E tudo, acrescento, a preços razoáveis.
Feito o pedido, tratei de puxar das minhas revistas (não me lembro de ter visto no local à disposição) e deixei-me ficar, confortável e sossegadamente, no meu canto, entretido da vida. O chá veio primeiro (detalhe: um bule inteiro para um e não a caneca ou chávena que muitos, sovinamente, começaram a adoptar); o scone demorou mais um pouco, mas a espera foi amplamente compensada pelo facto de vir aos pares e a fumegar. Ponto para eles, que acabaram assim por ganhar mais um freguês.

Rua do Alecrim, 12-A, tel. 213 426 292, o salão de chá encerra à seg. e funciona das 15.00 às 19.30

11.3.11

ice dreams

[A Ice Dreams propõe a degustação de gelados e vinho (foto de José Carlos Carvalho, D.R.) e está instalada no Princípe Real]


A tarde chuvosa convidava, porventura, a outro tipo de aconchego, o que pode explicar, em parte, o facto de ter ido encontrar a Ice Dreams vazia. Mas, a ser essa a razão, não partilho dela, pois nem tudo ali gira à volta dos gelados — embora sejam eles, e muito bem, o principal chamariz —; e mesmo se assim fosse há muito que está ultrapassada, felizmente, a ideia de que gelados e Inverno não combinam.
Foi por pensar assim que João Martinho, sócio-gerente, abriu as portas, em finais de Janeiro, na rua da Escola Politécnica, a meio caminho entre o Largo do Rato e a Praça do Príncipe Real. Nos últimos meses, muitas são as novidades que têm sacudido o pacato, mas cada vez mais desejado, bairro lisboeta, mas faltava-lhe uma geladaria de conceito personalizado, inspirada no que se faz em Buenos Aires, onde João Martinho viveu por dois anos.
Da capital argentina, por certo devido à influência da imigração italiana e pela grande variedade de frutas frescas, chega-nos uma outra forma de degustar e entender os gelados e sorvetes. De lavra artesanal, na primeira categoria encontramos sabores como o chocolate, a nata, o queijo de figo, a baunilha do Taiti, o mascarpone com frutos do bosque, a mousse de limão com gengibre, o doce de leite ou o zambaglione (estes dois últimos são dos mais apreciados na Argentina), ao passo que nos sorvetes, mais leves, temos a tangerina, a amora, o morango ou o maracujá.
No total, são cerca de 20 variedades (1 sabor: €2,30; 2 sabores: €3,80; 3 sabores: €5,10; frutas e/ou toppings à parte), mas aconselho a optar por um dos menus de degustação que permitem saborear trios (a €3,80). Optei pela Colecção Silvestre (amora ou morango, alfazema e alecrim), que não me fez esquecer os do Santini, mas dar-lhes-ei uma nota de crédito e qualquer dia regresso para provar o Gourmet Dreams (queijo de cabra, queijo de figo e mousse de limão com gengibre) e a Tentação (três variedades de chocolate).
O propósito de fazer da Ice Dreams uma proposta para todo o ano sai ainda reforçada com a possibilidade de degustar gelados combinados com um copo de vinho (€4) ou um cálice de Porto Tawny (€4,60) — acredito que possa resultar, mas não foi desta ainda que o (com)provei —, de os levar para casa (embalagem de 0,5l a €10 e embalagem de 1l a €19) ou ainda de os beber em versão de batido (€4,50).
O espaço, sob o comprido, é desafogado sem ser grande, mas dá para nos sentarmos, folhearmos uma revista e ficarmos um pouco à conversa ou até simplesmente a ver quem passa na rua. Não fiquei deslumbrado, mas é agradável e reserva mesmo uma área na parte traseira para exposições temporárias. Ajuizada, e oportuna, parece-me a ideia de não terem limitado a oferta aos gelados e seus derivados, apostando igualmente na vertente de pastelaria (além de brownies, gaufres, crepes, há também chocolate para beber, smoothies e bombons de autor). É que estamos em Lisboa, e não em Buenos Aires, e é bom ter em conta os nossos hábitos e manias.

Rua da Escola Politécnica, 21, de seg. a qui., das 10.30 às 21.oo, aos sáb., das 10.00 às 22.00, e aos dom., das 10.00 às 20.00

8.3.11

forneria estado líquido

[Interior da Forneria, onde as pizzas são servidas a preceito numa campânula de cobre, como se vê no detalhe abaixo, fotos D.R.]


Segunda-feira, dia algo ingrato para ir jantar fora. Pior quando a noite prometia chuva; mas era véspera de feriado e ainda que a folia carnavalesca não fosse o pretexto maior, não apetecia ficar em casa a fazer de coach potato.
Entre as opções disponíveis, acabámos por eleger a Forneria Estado Líquido, ao largo de Santos, quase colada ao Teatro A Barraca. A casa tem poucos meses e ocupa uma pequena sala ao lado do bar do mesmo grupo que, depois do sushi e do sushi de fusão, investe também no negócio das pizzas gourmet (vou deixar o plural correcto, pizze, para os italianos legítimos). Em época de superlativos, João Matias, o homem no leme, não faz por menos e anuncia "a melhor pizza do mundo agora em Lisboa", adoptando e seguindo um conceito já devidamente testado — com assinalável êxito, diga-se — em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Foi precisamente por conhecer, e apreciar, as matrizes brasileiras — que primam por uma arquitectura aberta, decoração caprichada mas informal e uma clientela-classe-média-alta que faz da Forneria o seu ponto de encontro e/ou de abrigo a qualquer hora do dia —, que demorei um pouco até me decidir a conhecer a sua variante lusa. A sala, como escrevi antes, é pequena, mas aconchegante, e prima por um layout contemporâneo que, sem destoar da marca registada do Estado Líquido, é agradável à vista. Não tem a leveza ou a informalidade das congéneres brasileiras, pelo que se assumiu mais a vertente de restaurante e o facto do nosso clima e dos nossos hábitos não serem os mesmos. Não deixam de ter razão.
O atendimento, assegurado maioritariamente por funcionários brasileiros até onde percebi, foi simpático, rápido e eficiente e a sala, numa segunda-feira à noite (não é demais repeti-lo), não estava lotada, mas composta. Mas vamos ao mais importante: a comida. Escolhida a sangria de vinho tinto para acompanhar (já bebi melhor), hesitámos entre o risotto de pêra bêbada com peito de pato ao forno (há outras opções, todas em torno dos €10 por prato) e uma das muitas pizzas disponíveis (todas em torno dos €18, mas servem duas pessoas). Acabámos por eleger a pizza, não só por ser o seu principal cartão de visita (a massa fina é cozida por igual num forno a lenha), mas também por nos ser permitido combinar duas diferentes (optámos por meia de Pacaembu e meia de rúcula) e por a mesma vir servida, como é preceito da Forneria, numa campânula de cobre que evita o seu arrefecimento.
Não comemos entrada (destaco mesmo assim a selecção de carpaccios e de saladas, com preços que começam nos €3 e pouco), mas não resistirmos à sobremesa; há pizzas doces de calda de caramelo ou de chocolate com morangos frescos, porém a nossa escolha recaiu na banana caramelizada com sorvete de manjericão e no cheesecake de bolacha (preços em torno dos €5). Rematámos com um café e pagámos à cabeça €25.
Saí com vontade de voltar, agradado com a riqueza e frescura dos ingredientes, por um lado, e a textura da massa das pizzas, por outro. Senti falta de alguns pormenores que tornam emblemáticas as Fornerias de São Paulo ou do Rio, mas há que aceitar as diferenças e o facto de estarmos em Lisboa.

Largo de Santos, 9-A, tel. 213 972 002, todos os dias, das 12.30 às 16.00 e das 20.00 às 00.00 (02.00 às sex. e sáb.)

28.2.11

a padaria portuguesa areeiro


[Bolas de Berlim, interior da loja do Areeiro (foto de Joaquim Gromicho), e pães-de-Deus, fotos D.R.]




Haja alguma coisa que corra bem e gente com motivos para estar contente nestes dias de famigerado desânimo nacional. O mapa da mina, para quem ainda não descobriu ou não ouviu falar — o que começa ser difícil, tamanha é a leva de comentários e artigos abonatórios —, fica na avenida João XXI, a meio caminho entre as praças do Areeiro e de Londres.
A Padaria Portuguesa abriu "apenas" em Novembro de 2010, mas o sucesso é tanto que já abriu caminho para uma réplica em Vila Franca de Xira. E não vai ficar por aqui. O conceito é simples: uma padaria de bairro que faz a ponte entre o melhor de uma padaria francesa e o melhor que recordamos (quem tem memória, é claro) das antigas leitarias portuguesas. A ideia é tão boa que até custa a acreditar que ninguém se tenha lembrado antes de a pôr em prática. O mérito fica, por isso, por conta de Nuno Carvalho, que largou o seu trabalho como gestor na rede de supermercados Pingo Doce para abrir este negócio.
Com a chegada da Primavera, é possível que a esplanada, instalada na calçada, seja cada vez mais disputada, mas as cestas de pães apetitosos na montra são um chamariz mais do que eficaz, atrever-me-ia a dizer, para continuar a atrair, como um íman, quem passa ao seu interior. Lá dentro, não se sentam mais do que 20 pessoas, mas, a par dos pormenores que nos remetem propositadamente para uma certa portugalidade — o mosaico hidráulico, as cestas de vime, os provérbios, a foto da ceifeira, as ardósias negras... —, a nossa atenção depressa se fixa nos dois balcões onde se alternam as fornadas de mais de trinta tipos diferentes de pães — saídos directamente do forno, as variedades vão desde os enfarinhados até às broas de milho, os com sementes e por ai fora — e a linha própria de pastelaria (produzida numa fábrica de Samora Correia) que inclui croissants (em massa de brioche ou estaladiços), caracóis, pastéis de nata, bolas de Berlim, pãezinhos de leite, pães-de-Deus (um dos cartões de visita da casa) ou as queijadas, mas também bolos médios (em quatro sabores) ou grandes (como a tarte de limão merengada) vendidos à fatia.
A qualquer hora do dia, A Padaria Portuguesa quer ser uma alternativa, por isso, e além das compotas que vende a €3 o frasco, criou fórmulas a bom preço para o pequeno-almoço (€2,50), o almoço (€4,90 com sopa, sumo natural, dois salgados e uma sanduíche ou quiche) e o lanche (€2,50 com chá, torrada e um bolo médio). Por €2,90 é igualmente possível provar dois bolos. Enfim, várias combinações e possibilidades que enchem a casa, esgotam diariamente muitos produtos e não dão descanso aos quatro empregados que atendem ao balcão.
À hora tardia a que fui já se lia em algumas travessas vazias "Era tão bom que acabou". Para rematar, apetece-me acrescentar: esta padaria é tão boa e faz já tão parte da vida deste bairro que nem parece que nasceu só ontem.

Avenida João XXI, 9, todos os dias, das 8.00 às 20.00

17.2.11

citycakes (encerrou)


[Interior da loja, em Campo de Ourique, fotos D.R.]




Tenho um amigo brasileiro que, com humor e um timing dignos de registo, definiu os cupcakes como "uma espécie de muffin afrescalhado", o que, traduzido para o nosso português, dá algo como "queque amaricado".
Brincadeiras à parte, os cupcakes, que já deixaram de ser novidade faz tempo, continuam a despertar a atenção por cá e a motivar empresários de primeira água a arriscarem a sua sorte neste negócio.
Foi o que aconteceu agora com três amigos — a Sofia, a Carla e o Duarte, como se pode ler na página do Facebook — que, inspirados pelo conceito e pela marca existentes em cidades como Nova Iorque ou Londres, abriram a primeira loja CityCakes em Campo de Ourique, na Ferreira Borges, quase na esquina com a Coelho da Rocha.
Quando vi as primeiras imagens do espaço, gostei do layout (arquitectura de Marco Nascimento e design de Miguel Trindade), mas achei um pouco frio e despedido. In loco, a impressão não se alterou. A localização é boa e Campo de Ourique possui, à partida, moradores e frequentadores com gosto e poder económico para justificar este tipo de comércio menos óbvio, mas o certo é que — seja por ainda se estarem a ambientar e/ou a apalpar terreno — encontrei, a meio da tarde, a CityCakes vazia de clientes e com poucas opções.
Pelo que apurei, a oferta não se limita aos cupcakes — o destaque de hoje, para além de "clássicos" como o red velvet, era o de chocolate com manteiga de amendoim, sendo que, conforme o dia ou as datas festivas, vão alternando criações como champanhe ou brigadeiro, entre outros —, havendo igualmente brownies, shortcakes e bolos maiores à fatia. Tudo produzido ali e confeccionado com ingredientes frescos, dizem, mas a sensação que me ficou foi a de ter pouco por onde escolher— o que é sempre desmotivador para quem chega pela primeira vez —, por um lado, e a de que não não me senti à-vontade (nem com vontade) para ficar a saborear o meu bolo acompanhado por um café, por outro lado. Para tal, o ambiente teria de ser outro e a opção de bebidas maior para além das únicas cápsulas de café (Nespresso?) que vi sobre o balcão.
Entendo que a logística seja complicada e respeito a aposta em querer fazer da CityCakes, antes de mais, um espaço de take-away (aliás, uma vertente importante do negócio é a encomenda de bolos personalizados à vontade do freguês), mas, arrisco-me a sugerir, não seria mal pensado mudar um pouco a filosofia de atendimento, tornar o espaço mais acolhedor (sem comprometer a imagem de marca, claro) e, importante, investir em outros complementos (como bons sumos naturais e chás, só para citar o óbvio, mas sempre apreciado) que possam funcionar também como chamariz. Porque, é sabido, uma coisa leva a outra e assim como está, pode até funcionar para quem encomenda, mas não vai cativar quem está de passagem.
Posto isto, resta-me acrescentar que pedi um red velvet para levar, pelo qual paguei €2, e que degustei minutos depois, sentado num banco da Ferreira Borges. E não fiquei convencido. Não ainda, pelo menos.

Rua Ferreira Borges, 30, tm. 91 307 2257, todos os dias (excepto domingos), das 10.30 às 20.30

11.2.11

noori chiado

[Interior da Noori Chiado, rolo de salmão, em cima, e temaki crocante de atum, em baixo, fotos de JMS]


Quem espreitar boa parte das revistas de lifestyle que está agora nas bancas vai ficar com a impressão de que os temakis — para quem não sabe: cones, mas também rolos, de alga nori crocante com arroz e uma combinação quase infinita de recheios salgados ou doces — são uma novidade absoluta em Lisboa. Pois não são; apenas ainda não viraram moda e, como tal, muito boa gente não deu por eles.
A Noori, a cadeia pioneira do género em Portugal, abriu a sua primeira temakeria em 2009 — isso mesmo: 2009 — na rua do Crucifixo, à Baixa, e já conseguiu fidelizar clientela suficiente para se aventurar em mais outros três endereços (a saber: no Monumental, ao Saldanha, no Centro das Amoreiras e no Cascais Shopping). A loja-matriz da Baixa é, na verdadeira acepção da palavra, um cochicho. Mas a localização, ainda que se possa passar distraidamente por ela sem dar por isso, é boa, entre a saída do metro e a entrada traseira dos Armazéns do Chiado.
O conceito destas casas não vem do Japão, mas sim do Brasil, não sendo de estranhar que a parceria por trás da Noori seja luso-brasileira. Mais simples de comer, já que dispensam os pauzinhos (mas vão à mesma muito bem com os molhos de soja, wasabi ou teriyaki), os temakis e os rolls da Noori prestam-se muito à ideia de take-away (até ver, não se vê gente na rua a trincar um temaki enquanto caminha; lá chegaremos, quem sabe), mas, mesmo acanhado, há balcões e bancos para quem quiser comer in loco. Foi o que fiz hoje, com pouco tempo para almoçar e pouco disposto a gastar muito. Os "nooris" são vendidos à unidade (a partir de €3,25, €3,50), mas existem opções de combinados (com bebida) que nos permitem comer por um preço médio de €7.
Frios ou quentes, simples ou especiais, em rolo ou em cone, salgados ou doces (neste caso, em vez de alga utilizam bolacha e no recheio vai fruta e/ou chocolate), os mais comuns levam alga por fora e por dentro arroz combinado com salmão, atum e queijo-creme Filadélfia, mas existem versões crocantes, mais picantes, vegetarianas, light sem arroz (substituído por rúcula) e até de tempura de gambas. Confesso que já comi melhor — precisamente no Brasil, onde a variedade é maior —, mas, além de achar prático, sobrou-me vontade para fazer novas incursões e experimentar outras combinações.

Rua do Crucifixo, 87, todos os dias, das 11.00 às 22.00 (a loja do Saldanha fica aberta até às 23.00 e a das Amoreiras e do Cascais Shopping até às 00.00)

3.10.10

largo da estação do rossio

[Largo à noite, fotos D.R. (em cima) e de JMS (abaixo)]


À saída do Teatro D. Maria II, passava já da meia noite, falou-se em ir beber um copo e logo o Bairro Alto nos surgiu como praticamente a única alternativa digna desse nome por ali perto.
Sem vontade de mexer no carro, devidamente estacionado, optámos por ir a pé, através do largo da Estação do Rossio, e o que vimos foi o suficiente para não arredarmos mais pé. Ficámos por ali mesmo.
Não posso dizer que foi uma surpresa total, pois já havia passado antes e estava minimamente inteirado das obras de requalificação a que toda aquela área, esquecida e votada ao abandono durante anos, tinha sido sujeita nos últimos tempos; ainda assim, não esperava que o Largo estivesse tão bonito - com os vários edifícios à volta de cara lavada e a arquitectura neo-manuelina da estação valorizada pela iluminação - e tão animado - restaurantes com esplanada, a República da Cerveja e o Finzi Contini, e vários cafés, como o Rossio Caffe Lounge, com mesas, poufs e sofás ao ar livre.
Além dos bares, que funcionam até tarde (no sítio oficial avançam um horário das 10.00 às 23.00, mas na madrugada de sábado ainda estavam abertos às 02.00 da manhã), sendo por isso uma alternativa simpática (e mais calma) ao Bairro, o Largo é também um ponto de encontro diurno, que conta inclusive com uma boa galeria, e um espaço de concertos com uma agenda bem recheada.

Largo da Estação do Rossio, todos os dias, das 10.00 às 23.00

29.9.10

muji chiado


[Fachada da Muji, na rua do Carmo, foto de JMS]



Sem data de abertura confirmada, tudo indica, todavia, que deve abrir as suas portas em Novembro, a tempo de ainda capitalizar a pré-época de compras natalícias.
Quem, como eu, há muito se interrogava por que razão a japonesa Muji — célebre em todo o mundo por vender produtos de marca branca, mas funcionais, com um design atractivo e um preço acessível — tardava em abrir uma loja em Portugal, pode constatar, ao passar por estes dias pela rua do Carmo, ao Chiado, que a espera está prestes a ser compensada.
Com um área total de 300 m2, dividida por dois pisos, a loja de Lisboa, que nos chega pelas mãos de investidores espanhóis, está já avançada e os responsáveis prometem não só a vasta linha de acessórios voltados para o trabalho e lazer, mas também toda a gama de produtos criados mais recentemente para a casa (mobiliário, louças, têxteis...). Agora é só esperar para ver e crer.



Rua do Carmo, 63-75

17.9.10

as quintas do flores

[Menu Tapas Gourmet, em cima, e panorâmica do Flores, à noite, foto de JMS]


A convite do Bairro Alto Hotel, ao Chiado, fui conhecer o novo menu Tapas Gourmet, disponível desde Agosto, aos jantares, todas as quintas-feiras no seu restaurante Flores.
Friso que foi a convite por uma questão de transparência - que tratarei de manter como princípio deste blogue sempre que for o caso, o que não é possível muitas vezes noutros espaços -, mas isso não me impede de dar aqui uma opinião sincera e isenta.
Assumo sem rodeios que tenho uma simpatia especial por este hotel, aberto há cinco anos; pela sua localização, pelo charme, pela equipa motivada e, sobretudo, pelo que mudou na hotelaria da capital, sendo um dos primeiros, e mais dinâmicos, a tudo fazer para não cair na "mesmice" e atrair a si lisboetas ou não que, não estando hospedados no hotel, não se querem privar do seu bar ou do seu terraço (eleito, ainda há pouco, com um dos mais panorâmicos em todo o mundo), por exemplo.
Pequeno e intimista, o restaurante tem alinhado pela mesma postura. Passou por algumas mudanças, mas desde há um bom tempo que o chef Luís Rodrigues assume o seu comando e se empenha em, de tempos a tempos, introduzir novidades. É o caso deste conceito agora introduzido, pensado para os jantares das quintas-feiras. Composto por couvert (destaco a pasta de beringela e o pão com azeitonas) quatro entradas (gostei mais das lascas de presunto Pata Negra, com pão rústico tostado e piso de coentros, e das vieiras com molho de gengibre e alcachofras), um prato quente, três sobremesas (gostei mais do crème brulée de laranja) e café. O custo por pessoa é de €38,50 e não inclui bebidas (só o café). Não é um preço para todas as carteiras, nem um conceito para todos os gostos (as doses são minimais, prestando-se a quem aprecie o espírito da degustação), mas cumpre perfeitamente o proposto.

Bairro Alto Hotel, Pç. Luís de Camões, 2, tel. 213 408 252, todas as quintas-feiras, das 19.30 às 22.00, reserva aconselhada
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