29.11.11

poison d'amour

[Maria Antonieta é uma das imagens de marca associadas à Poison d'Amour, a mais nova pastelaria fina do Príncipe Real; abaixo: a fachada (foto de divulgação)]
Antes que alguém diga que já vou tarde para falar da Poison d'Amour, eu adianto-me e explico.

Eu sei que a Poison d'Amour abriu em Agosto, mas quando isso aconteceu eu estava em vésperas de passar uma longa temporada fora de Lisboa e, tout court (e o francês neste caso calha bem), não deu tempo.

[A primeira coisa que vemos, mesmo antes de entrar, é o balcão das guloseimas (foto de divulgação)]

Enfim, mais vale tarde do que nunca, não é mesmo? Para mais, quero acreditar que, tal como foi para mim, a Poison d'Amour ainda seja não digo uma novidade, mas pelo menos um lugar a descobrir para muito boa gente.

[Barroco, mas não muito... (foto de divulgação)]

Quem escreve por último arrisca-se a não acrescentar nada de verdadeiramente novo ao que já foi dito, mas a vantagem é que, esfriado o entusiasmo, podemos também ser mais objetivos e menos passionais.

[Tons claros, paredes quase nuas para que sobressaia o que realmente interessa e também o que não interessa, como o extintor (foto de divulgação)]

Serve isto para dizer, a propósito da mais nova pastelaria-salão de chá-cafetaria do Príncipe Real, num dos trechos mais disputados da rua da Escola Politécnica, que tenho lido coisas maravilhosas e rasgados elogios. É, a fazer fé nos relatos praticamente unânimes, um pedacinho do céu de Paris em Lisboa.

[Outra perspetiva do salão principal (foto de divulgação)]

Mas ai, não sei bem porquê, eu só me consigo lembrar daquele fado de Amália em que ela, como ninguém, cantava "Lisboa não sejas francesa/ Com toda a certeza / Não vais ser feliz / (...) / Lisboa não sejas francesa / Tu és portuguesa".

[Arquitetura do atelier Alma Quadros e design de interiores de Susana Camelo (foto de divulgação)] 

A Poison d'Amour inspirou-se nas mais finas pâtisseries parisienses e não o esconde. Pelo contrário, faz gala nisso.


[O pátio traseiro, para os dias de sol, rodeado pelo Jardim Botânico (foto de divulgação)]


A fachada rosa, com largos janelões rasgados de cima a baixo, dá logo o mote e ninguém entra ali ao engano, até porque pela montra já dá para ir espreitando os macarons, os brioches, as tartelettes, as bavaroises, os pains aux raisins, entre outras coisas igualmente boas.


Ponto para a forma como as várias guloseimas estão expostas, num longo balcão com tampo de vidro, sem outros artifícios para nos desviarem a atenção do que realmente interessa. Os olhos não comem, mas são eles que nos fazem morder a isca.


Achei igualmente interessante a solução das paredes praticamente nuas, e brancas, em contraponto com o chão e o teto negros. À vista, arcos de pedra preservados e apontamentos barrocos.


[As tartelettes são as criações que mais dão nas vistas (©enric vives-rubio/público, todos os direitos reservados)]


É óbvia a intenção da decoradora de serviço — Susana Camelo — de não fazer da Poison d'Amour uma caricatura barroca. As referências estão lá, como o grande retrato da desafortunada rainha Maria Antonieta — incontornável patrone, sobretudo depois do filme de Sofia Coppola com o alto beneplácito da Ladurée —, os espelhos, as banquetas capitonadas, os lustres ou as cadeiras estilo Luís XVI, mas não são mais do que detalhes. 

Acho que resulta (só) até certo ponto. Como em tudo, há coisas mais bem conseguidas do que outras — divertido, por exemplo, o pormenor dos tabuleiros antropomórficos, na parede, com animais em poses reais —, mas, para começar, teria pensado numa outra solução para o extintor. Sei que é um "mal" necessário, imposto por lei inclusive, mas colocá-lo, à vista desarmada, num ponto estratégico do salão principal, nah, não me conformo.


[Doces tentações (©enric vives-rubio/público, todos os direitos reservados)]


Com o Inverno à porta, é provável que não se dê muito uso à esplanada nas traseiras, com direito ao entorno bucólico do Jardim Botânico, mas, tratando-se de Lisboa, é sempre bom tê-la à mão para uma eventualidade. No resto, as duas salas interiores servem lindamente.

Por falar em servir, a Poison d'Amour abre para o pequeno-almoço, quer ser uma alternativa para o brunch de sábado e aos almoços tem, pelo menos, duas opções de saladas muito fiáveis (e com uma boa relação qualidade-preço).


[Maria Antonieta, a patrone da Poison d'Amour lisboeta (©enric vives-rubio/público, todos os direitos reservados)]


Mas vou falar apenas do que sei. Fui ali, a uma hora do fecho, para lanchar. Hesitei, fiquei tentado a experimentar os macarons — mas lembrei-me que não tenho sido muito feliz nesse quesito em Lisboa; talvez o problema seja meu... —, acabando por me decidir por um clássico da pâtisserie française: uma tartelette de morangos (€3,80). 

Linda por fora, pareceu-me a escolha perfeita para acompanhar um chá Frais Fruite (€2,30), servido em porcelana azul. Tiro ao lado. Massa muito dura e um creme algo desenxabido. Melhor sorte teve um amigo, cuja bavaroise de ananás estava, essa sim, de comer e chorar por mais.


[Os macarons da Poison d'Amour (©enric vives-rubio/público, todos os direitos reservados)]



Um empate, pois então. 

Na verdade, não me custará dar o benefício da dúvida à Poison d'Amour. Pedro Pouseiro, o dono, regressou a Lisboa depois de viver em Paris. Com fabrico próprio, a casa segue à risca o receituário de doçaria francesa, pelo que, quer o chefe pasteleiro, quer todo o material, vieram de França.


Para a próxima, vou escolher melhor. Quem sabe, não será dessa que me vou render aos macarons made in lisboa?

Rua da Escola Politécnica, 32, tel. 213 476 032, de seg. a sex., entre as 10.00 e as 20.00; ao sáb., entre as 09.00 e as 20.00. Encerra ao dom.

28.11.11

passatempo @ddressbook | altis hotels: convite duplo para sessão de abertura da mostra de cinema da américa latina (6/12)



Quer habilitar-se a ganhar um convite duplo para a sessão de abertura, dia 6 de Dezembro pelas 21.30, da Mostra de Cinema da América Latina, no São Jorge?

É fácil.

Graças a uma parceria com os hotéis Altis, os leitores dos blogs @ddressbook podem concorrer e ganhar um convite duplo para o primeiro dia da mostra organizada pela Casa da América Latina, em que será exibido o filme "Las Malas Intenciones” de Rosario García-Montero.


O trailer do filme:


O evento:
Em exibição de 6 a 10 de Dezembro, no São Jorge (Av. da Liberdade, 175, Lisboa), a programação da Mostra de Cinema da América Latina pode ser consultada aqui.


O que precisa fazer:
1. Gostar da página dos hotéis Altis no Facebook (clicar aqui)
2. Gostar da página dos blogs @ddressbook (clicar aqui ou no aplicativo na coluna à direita)
3. Enviar um e-mail com a sua identificação para passatempos.addressbook@gmail.com (para ficar registado e ser feita a comprovação de que cumpriu os dois requisitos anteriores).

Como será encontrado(a) o(a) vencedor(a):
O(a) vencedor(a) será encontrado(a) através do random.org | Depois de anunciado o nome no dia 4 de Dezembro, o(a) vencedor(a) poderá levantar os bilhetes na receção do Hotel Altis, na Rua Castilho.

Boa sorte!

26.11.11

fora de portas: rota das estrelas na fortaleza do guincho, parte 2 | fotoblog de uma noite memorável

[©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Este brinde, com toda a equipa do restaurante da Fortaleza do Guincho, aconteceu a 18 de Novembro, menos de uma semana antes do lançamento oficial da edição de 2012 do guia vermelho da Michelin, por ocasião dos dois jantares que foram ali servidos a pretexto de mais uma Rota das Estrelas.
[Sentados, da esq. para a dir.: Neuner, Farges e Ortu; de pé: Broda (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Nesse dia, ou melhor nessa noite e na que se lhe seguiu, as estrelas eram, além de Vincent Farges (chef executivo da Fortaleza), o austríaco Hans Neuner do Ocean (Vila Vita, Algarve) e os franceses Sébastien Broda (Le Park 45, Cannes) e Jean-Luc Ortu (JLO Consulting), mas claro que se falou, e muito, das outras, as Michelin, e da expectativa em torno delas.
[Hans Neuner em ação na cozinha do Guincho (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Hans Neuner, o pequeno-grande chef, não sabia na altura, mas daí a dias teria motivos de sobra para pular de alegria (e foi o que fez, literalmente, segundo relatos fidedignos). De uma estrela Michelin passou a duas, feito notável apenas conseguido até à data, no que a Portugal diz respeito, pelo Vila Joya (Albufeira/Algarve). E foi assim que o Ocean orquestrado por Neuner, instalado num resort algarvio que muitos veem apenas como "coisa para turistas alemães", se elevou a "restaurante de excelência que vale o desvio".
[Farges em noite solidária com a associação Operação Nariz Vermelho (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
No Guincho, a discrição e a cautela prevaleceram até ao fim, mas acreditou-se que poderia ser desta. Não foi. Ainda não foi. A maioria dos restaurantes estrelados pela Michelin, é caso recorrente, pena anos a fio para subir de patamar, mas a espera da Fortaleza veio a revelar-se particularmente longa. A primeira estrela chegou já em 2001 e, desde então, nunca foi perdida.
[Os bastidores da Rota das Estrelas no Guincho (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Por que será então que tarda tanto a chegar a segunda estrela se a Fortaleza tem dado provas da sua constância? Será que se tem limitado a fazer mais do mesmo? Que não tem inovado, ou "provocado" (a nova palavra de ordem na cozinha), o suficiente para voar mais alto? A resposta não serei eu a dá-la, mas ainda assim permito-me arriscar uma teoria: a Fortaleza precisa tornar-se mais conhecida fora de portas, de atrair imprensa estrangeira especializada e de gerar um maior foco de interesse à sua volta. Já o faz, e bem, em Portugal, mas o nosso país não chega — por mais que a cozinha de Farges esteja a viver um dos seus momentos mais inspirados e consistentes.
[Farges, Broda e Ortu conferenciam na cozinha durante a preparação do jantar (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
E isto vale também para outros chefs e restaurantes à beira-mar plantados. Portugal tem, na edição de 2012 do guia Michelin, 12 restaurantes com 14 estrelas (mais duas do que em 2011). Alvo de duras críticas pelos seus critérios nem sempre muito claros, a Michelin foi particularmente generosa com Portugal num ano em que praticamente só se fala de nós por conta da malfadada crise e em que a maioria dos críticos gastronómicos internacionais que nos visita nunca deixa de fazer referência, com razão, ao facto da nossa alta cozinha estar a padecer de uma certa estagnação (sobretudo porque nos falta, neste momento, uma clientela suficientemente expressiva que queira pagar por ela).
[A azáfama na cozinha era grande durante o jantar e tudo podia ser acompanhado na sala graças a dois enormes ecrãs (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Na imprensa estrangeira, pouco ou nada se tem falado das estrelas lusas. Fora de Portugal, não tenhamos ilusões, Espanha, e a ira dos espanhóis contra os inspetores da Michelin, chamou a si todas as atenções, sobrando a impressão de que o guia é, afinal, referente a um só país e não a dois — até mesmo os jornalistas brasileiros (o Brasil deve ganhar, finalmente, uma edição do guia para chamar de sua no próximo ano) relataram as venturas e desventuras das estrelas espanholas como se fossem suas, ignorando por completo o lado luso da questão.
[O caviar que viria depois a ser empratado com o pregado (©paulo barata, todos os direitos reservados)]
Estamos acostumados a que seja assim, eu sei. Mas, porventura, estamos acostumados demais. Claro que Espanha e a cozinha espanhola, pela sua envergadura e peso, jogam num outro campeonato, mas isso não valida que nos estejamos a promover mal. Somos um país pequeno, com pouca margem de manobra até ver e muito a fazer (e a aprender), mas precisamos contrariar a ideia que se instalou fora de portas — e que me incomoda, sou franco, ver reproduzida à exaustão em mercados que nos são essenciais, como o espanhol e o brasileiro — de que não se passa nada de verdadeiramente interessante, ou digno de nota, na alta cozinha praticada por cá.
[Menu servido nas duas noites da Rota das Estrelas no Guincho (clicar na imagem para aumentar e ler)]
Fecho o longo parêntesis e volto à noite das outras estrelas. Já tinha dado um cheirinho do que se passou por lá neste post, mas prometi mostrar mais. O prometido é devido. Ao todo foram servido dez pratos, ou seja dois por chef mais duas sobremesas a cargo de Daniel Pinto Marques, o novo titular da pastelaria na Fortaleza (falei antes da saída de Fabian Nguyen) e os vinhos escolhidos pelo escanção premiado Inácio Loureiro.
Antes do jantar, diferentes amuse-bouches preparados pelos chefs foram servidos, regados a champanhe, mas eu gostei especialmente das tacinhas com legumes em miniatura (acima), crocantes e deliciosos, produzidos na Quinta do Poial, um dos fornecedores de eleição de Farges.
Além dos entreténs de palato, houve ainda degustação de caviar, de foie gras, de chocolate Valrhona e de presunto ibérico, este último servido a preceito por Zacarías Píriz Estévez (acima), mestre-cortador (só existem 16 no país vizinho) e faca de ouro espanhol.
Sentados à mesa, coube a Farges abrir os serviços com uma primeira entrada: peito de codorniz assado, miúdos cozinhados com maçã e chalotas aciduladas, e coxa em rillette (semelhante a patê) com foie gras de pato, Amlou (molho marroquino) de nozes e avelãs com óleo de Argan.
A segunda entrada veio assinada por Neuner: barriga de atum com Hollandaise de ouriços, Salicórnia e melancia. As duas foram acompanhadas por um branco Quinta dos Carvalhais-Encruzado 2010.
Não é todos os dias que se tem Broda numa cozinha vigiada por câmaras de televisão. Foi ele que criou as duas últimas entradas. A primeira delas foi sapateira da costa, bavarois de sardinhas, espuma de mostarda Savora (curioso como esta velha mostarda está a ser recuperada por alguns chefs), pepinos e condimentos.
Para rematar: vieira salteada sobre uma fatia de pão, alcachofra, pinhão, cebolinho e salsifis (tubérculo) milanèse, polpa de funcho e yuzu (fruta cítrica asiática). Esta entrada e  a anterior foram maridadas com um vinho verde Soalheiro-Primeiras Vinhas 2010.
Por esta altura, é bom dizê-lo, ainda não íamos a meio do menu. Ortu foi o senhor que se seguiu. Primeiro prato de peixe, e talvez o meu preferido da noite, lavagante azul em caldo cremoso, raviole abaunilhado de abóbora Hokkaido (também conhecida por Potimarron, oriunda da Ásia) com limão confitado. Como vinho, um branco Guru 2010.
Ortu acertou igualmente no Pregado cozido ao vapor de algas, emulsão de ostras e bivalves com Caviar Sturia Vintage Affiné, e alho francês glaceado com cardamomo verde. Que regalo ver, e degustar, um dos nossos peixes preparado desta forma. Como vinho, um branco Niepoort Redoma Reserva 2010.
Regressa Farges e prova como um consommé pode ser mais do que um simples... consommé. O seu era de rabo de boi, claro, com pequenos legumes e fava tonka (no Brasil ela é conhecida como a semente da fruta amazónica Cumaru), mas sem dúvida que a tartine de cogumelos e lascas de Wagyu (carne de vaca japonesa), servida como acompanhamento, fez toda a diferença. Mantivemos o Redoma Reserva.
O prato de carne, propriamente dito, ficou a cargo de Neuner, que apostou as suas fichas na presa e entrecosto de porco preto, servido com batatas e cebolas confitadas, e molho de Sobrassada (enchido curado das Ilhas Baleares). O tinto era Ferreirinha Reserva Especial 20o3.
Dos fracos não reza a história; bravamente todos passaram ainda às sobremesas. A primeira, ideal para limpar o palato, foi um croustillant de citrinos e cremoso de clementinas com sorvete de toranja com Grand Marnier Bicentenaire. Os sabores acidulados foram bem conjugados com um espumante Quinta do Ameal Brut “Arinto” 2002. 
A derradeira etapa (porque me vou abster de mencionar que com o café, servido no final, vieram ainda umas mignardises) foi uma verdadeira apoteose de chocolate Valrhona em diferentes estados e formas: Tartelete cremosa de chocolate Nyangbo e sorvete de chocolate amargo, Fuseaux de chocolate Andoa recheados com uma mousse ligeira de Jivara Lactée. E tanto chocolate pedia mesmo um Madeira Blandy’s Malmsey Harvest 2004.

Quando se juntam quatro chefs, três deles com estrelas Michelin, e fazem o melhor que sabem, o resultado só pode ser, como foi o caso, uma noite memorável. Uma não, duas. Foram duas noites.  E, não tarda nada, está ai a nova carta de Inverno.

Estrada do Guincho, Cascais, tel. 214 870 491, todos os dias, almoços entre as 12.30 e as 15.30 e jantares entre 19.30 e as 22.30

24.11.11

as duas estrelas michelin de lisboa em 2012

[José Cordeiro, aqui na sua passagem como júri no programa "MasterChef" (foto de divulgação)]


Uma confirmação e uma surpresa em Lisboa.


A confirmação: o Chefe Cordeiro, que ganhou maior visibilidade junto do grande público desde que foi um dos jurados do concurso "MasterChef" (transmitido pela RTP1), conseguiu a primeira estrela Michelin para o restaurante Feitoria. Já antes, em 2005 e 2006, o chef havia conquistado uma quando estava à frente do restaurante Largo do Paço (Casa da Calçada, em Amarante), mas esta é a primeira desde que se mudou para Lisboa e assumiu os restaurantes do grupo hoteleiro Altis. 


A surpresa: o restaurante Tavares conseguiu manter a sua estrela mesmo após a saída do chef José Avillez — e consequente substituição por Aimé Barroyer —, as críticas menos boas dos últimos tempos e os boatos de insolvência. Barroyer, que alguns acusaram de estar a praticar uma cozinha demasiado "barroca", tem razões de sobra para estar satisfeito. 


[O restaurante Feitoria, agora com uma estrela Michelin, no hotel Altis Belém (foto de divulgação)]


Lisboa passa agora a ostentar duas estrelas Michelin. A boa nova foi divulgada há pouco, em Barcelona, onde decorreu o lançamento oficial do guia "Michelin España & Portugal 2012: Hoteles & Restaurantes" (já disponível online, aqui) e se ficou a saber quem levou a melhor (e a pior) em 2012.


[A capa do novo guia (foto de divulgação)]


Ainda sobre Lisboa, não foi desta que a Fortaleza do Guincho, em Cascais, ganhou a sua segunda estrela, nem que o chef Leonel Pereira, do Panorama, conseguiu a sua primeira.


É pena, mas não é o fim do mundo. 


Fora de Lisboa, o Ocean — sobre quem escrevi há poucos dias a propósito da presença de Hans Neuner no jantar Rota das Estrelas (ler aqui) — tem agora duas estrelas Michelin (restaurantes de excelência que merecem o desvio), juntando-se assim ao Vila Joya, também no Algarve. 


No Porto, Ricardo Costa ganhou a primeira estrela para o Yeatman (o chef tinha conseguido antes uma quando sucedeu a José Cordeiro na Casa da Calçada). A lamentar, apenas a perda da estrela do Amadeus, em Almancil (há rumores, não confirmados, de que terá encerrado). Mas isso são contas de um outro rosário que deixarei para o myword@ddressbook.

o gelado de pão-de-ló da artisani

Quando aquele a que chamam O Melhor Pão-de-Ló do Universo (de quem já falei aqui e aqui)...

[O Melhor Pão-de-Ló do Universo, na versão com doce de ovos, servido na Cantina da Estrela (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

... se transforma num gelado...

[O Gelado de Pão-de-Ló tal como é servido, em copo, na Artisani (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

... isso só pode ser coisa da Artisani (de quem também já falei aqui).

[O mais novo sabor no cardápio da Artisani (foto de divulgação)]

À venda desde o dia 19 de Novembro, o mais novo sabor da geladaria artesanal não é apenas só mais um argumento (de peso) para continuarmos a consumir gelados e sorvetes fora do Verão; ele faz parte, como me confidenciou a Luísa Lacerda Lampreia, a principal responsável pela Artisani, de uma aposta maior que tem por objetivo "recriar em gelado as sobremesas portuguesas mais típicas".

No caso do pão-de-ló, a ideia partiu do CEO do grupo Lágrimas Hotels & Emotions, Miguel Alarcão Júdice, que encontrou assim uma forma de tornar ainda mais conhecida (e falada) a versão do bolo servida nos seus restaurantes e cafés. 

Esta parceria não é de hoje. Já antes Miguel havia sugerido a criação do gelado de salame de chocolate, que depressa provou ser um best-seller, e é comum encontrarmos entre as sobremesas servidas pelo grupo várias propostas da Artisani: "Sou amigo dos donos da Artisani, que são os nossos fornecedores de gelados (...) Como vendemos o Melhor Pão-de-Ló do Universo, um bolo que tem um enorme sucesso, sugeri à Artisani que experimentasse fazer um gelado que o utilizasse. Eles adoraram a ideia e assim nasceu o gelado."

E é bom o gelado?

[O mais novo gelado da Artisani em grande detalhe (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Confesso que o meu maior receio é que se viesse a revelar demasiado enjoativo. Nada disso. O gelado tem por base um creme aveludado mais neutro, num releitura da massa do bolo, a que se juntam depois pequenos pedaços onde dá para sentir a textura do miolo do pão-de-ló com doce de ovos. No final, quase desejei que o sabor fosse um nada mais intenso.

Um copo com uma bola bem servida sai por €2,50 e traz a bolachinha crocante da praxe, que neste caso chega a ser providencial, pois o seu sabor a canela casa muito bem com a proposta deste gelado.

Av. Álvares Cabral, 65-B, tel. 213 976 453, de seg. a qui., entre as 12.00 e as 23.00; à sex. e sáb., entre as 12.00 e as 00.00; ao dom., entre as 12.00 e as 23.00 

21.11.11

anthony bourdain em lisboa



Confirmado: Anthony Bourdain, que apresenta o programa "No Reservations", vem a Lisboa. Só ainda não se sabe onde (e o quê) vai comer.

Autor do best-seller "Cozinha Confidencial", como chef não chega a ser uma referência mundial, mas como apresentador e provocador não há quem lhe seja indiferente. No programa de viagens e gastronomia "No Reservations" (do Travel Channel, mas transmitido em Portugal pela Sic Radical e internacionalmente pelo Discovery Travel & Living) corre o mundo a comer as coisas mas inacreditáveis nos lugares mais esdrúxulos. 


Já esteve em Portugal antes, no Norte (para a matança do porco, vide vídeos abaixo) e nos Açores, onde não se entusiasmou por ai além. Espera-se que em Lisboa seja melhor.

Bourdain e a matança do porco
Parte 1:
Parte 2:

19.11.11

fora de portas: rota das estrelas na fortaleza do guincho, parte 1 | amuse-bouche

[Na 2ª edição da Rota das Estrelas na Fortaleza do Guincho, no sentido horário: Jean-Luc Ortu, Vincent Farges, Sébastien Broda e Hans Neuner (fotos de divulgação)]
Fica o aviso de navegação: isto não é um post; é um amuse-bouche, que é como quem diz um espicaça-palato, para o que se passou ontem e ainda se passará hoje no restaurante da Fortaleza do Guincho.


[Os canapés dos chefs, servidos com champanhe, à chegada (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

O post propriamente dito — com fotografias a "sério" — fica desde já prometido para daqui a uns dias; não muitos, só os suficientes para eu ter tempo de digerir, e assimilar, tudo o que degustei na minha última passagem por aquele que muitos já consideram — e não sou eu a dizê-lo, que não tenho pretensão a tanto — o melhor restaurante francês da Península Ibérica, estando por isso criada a expectativa para a sua segunda estrela Michelin (os resultados são anunciados no próximo dia 24 de Novembro, em Barcelona).

[A barriga de atum (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Mas chega de atalhos e vamos ao que realmente interessa e me trouxe aqui. Não sei se ainda vão a tempo de conseguir uma mesa em cima da hora, mas vale a pena tentar a sorte. Hoje é o último dos dois dias em que o chef executivo da Fortaleza, Vincent Farges, partilha, sob o pretexto de mais uma edição do festival Rota das Estrelas, a sua cozinha com os colegas e amigos Hans Heuner (o austríaco que conseguiu uma estrela Michelin para o restaurante Ocean, no Vila Vita, Algarve), Sébastien Broda (que conseguiu uma estrela Michelin para Le Park 45, em Cannes) e o consultor gastronómico francês Jean-Luc Ortu.


[Nos peixes, o lavagante, no topo, e o pregado com caviar, acima, (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Cada um deles assina dois pratos, ficando as duas sobremesas finais a cargo do novo chef pasteleiro da Fortaleza (Fabian Nguyen saiu e o seu sous-chef, Daniel, assumiu o posto). Ou seja, um total de dez pratos — entre entradas, peixe, carne e guloseimas — que justificam bem os €130 cobrados à cabeça, tanto mais porque do banquete fazem ainda parte canapés e champanhe servidos à entrada, degustação de caviar, de foie gras, de presunto e de chocolate Valrhona, além da maridagem de cada prato com um vinho.

[Nas carnes, um Consommé de Rabo de Boi (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

O jantar começa a ser servido às 20.30 e 20% reverte a favor da associação "Operação Nariz Vermelho". Do que estão à espera? Corram. 



[A pré-sobremesa Croustillant de Citrinos, no topo, ideal para limpar o palato antes da verdadeira orgia de chocolate Valrhona, acima (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Estrada do Guincho, Cascais, tel. 214 870 491, todos os dias, almoços entre as 12.30 e as 15.30 e jantares entre 19.30 e as 22.30
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