17.2.11

citycakes (encerrou)


[Interior da loja, em Campo de Ourique, fotos D.R.]




Tenho um amigo brasileiro que, com humor e um timing dignos de registo, definiu os cupcakes como "uma espécie de muffin afrescalhado", o que, traduzido para o nosso português, dá algo como "queque amaricado".
Brincadeiras à parte, os cupcakes, que já deixaram de ser novidade faz tempo, continuam a despertar a atenção por cá e a motivar empresários de primeira água a arriscarem a sua sorte neste negócio.
Foi o que aconteceu agora com três amigos — a Sofia, a Carla e o Duarte, como se pode ler na página do Facebook — que, inspirados pelo conceito e pela marca existentes em cidades como Nova Iorque ou Londres, abriram a primeira loja CityCakes em Campo de Ourique, na Ferreira Borges, quase na esquina com a Coelho da Rocha.
Quando vi as primeiras imagens do espaço, gostei do layout (arquitectura de Marco Nascimento e design de Miguel Trindade), mas achei um pouco frio e despedido. In loco, a impressão não se alterou. A localização é boa e Campo de Ourique possui, à partida, moradores e frequentadores com gosto e poder económico para justificar este tipo de comércio menos óbvio, mas o certo é que — seja por ainda se estarem a ambientar e/ou a apalpar terreno — encontrei, a meio da tarde, a CityCakes vazia de clientes e com poucas opções.
Pelo que apurei, a oferta não se limita aos cupcakes — o destaque de hoje, para além de "clássicos" como o red velvet, era o de chocolate com manteiga de amendoim, sendo que, conforme o dia ou as datas festivas, vão alternando criações como champanhe ou brigadeiro, entre outros —, havendo igualmente brownies, shortcakes e bolos maiores à fatia. Tudo produzido ali e confeccionado com ingredientes frescos, dizem, mas a sensação que me ficou foi a de ter pouco por onde escolher— o que é sempre desmotivador para quem chega pela primeira vez —, por um lado, e a de que não não me senti à-vontade (nem com vontade) para ficar a saborear o meu bolo acompanhado por um café, por outro lado. Para tal, o ambiente teria de ser outro e a opção de bebidas maior para além das únicas cápsulas de café (Nespresso?) que vi sobre o balcão.
Entendo que a logística seja complicada e respeito a aposta em querer fazer da CityCakes, antes de mais, um espaço de take-away (aliás, uma vertente importante do negócio é a encomenda de bolos personalizados à vontade do freguês), mas, arrisco-me a sugerir, não seria mal pensado mudar um pouco a filosofia de atendimento, tornar o espaço mais acolhedor (sem comprometer a imagem de marca, claro) e, importante, investir em outros complementos (como bons sumos naturais e chás, só para citar o óbvio, mas sempre apreciado) que possam funcionar também como chamariz. Porque, é sabido, uma coisa leva a outra e assim como está, pode até funcionar para quem encomenda, mas não vai cativar quem está de passagem.
Posto isto, resta-me acrescentar que pedi um red velvet para levar, pelo qual paguei €2, e que degustei minutos depois, sentado num banco da Ferreira Borges. E não fiquei convencido. Não ainda, pelo menos.

Rua Ferreira Borges, 30, tm. 91 307 2257, todos os dias (excepto domingos), das 10.30 às 20.30

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