25.3.11

darwin's café (lanche)


[A sala do Darwin's Café, em Belém, vista de ângulos opostos (foto D.R.; foto de JMS); abaixo: scones (foto de JMS), logo e detalhe arquitectónico da Fundação Champalimaud (foto JMS)]



Para além do seu indiscutível mérito, a Fundação Champalimaud promete tornar-se, muito em breve, mais um ícone arquitectónico marcante da paisagem ribeirinha, já depois da Torre de Belém e do Museu do Combatente.

Mas enquanto não terminam as obras, uma das alas — precisamente a que fica virada para o passeio fluvial, com o Tejo e o forte em primeiro plano — foi estreada pelo Darwin's Café


Aberto há pouco mais de um mês, muitos lisboetas ainda não deram por ele, mas, a menos que algo não corra bem, tem tudo para se tornar um caso de sucesso. Além da localização, para lá de agradável, e do enorme terraço, o seu grande trunfo é a decoração do espaço — marcada por grandes janelas, uma estante de livros trompe-l'oeil e cinco abat-jours de tecto gigantes que repetem a estampa de animais da tela que nos remete para a teoria da evolução de Darwin —, que dá imediatamente no olho. O departamento de arquitectura da Lanidor foi quem assumiu o projecto, cabendo também à marca de vestuário, como já acontece nos LA Caffés, a gestão do restaurante-café.



Ao almoço e jantar, cozinha internacional de autor assinada por António Runa. Como não provei, abstenho-me de comentar para já. A minha primeira visita deu-se numa tarde ensolarada desta Primavera que ainda vai no adro, logo a hora era de lanche. Uma situação mais do que prevista pelo Darwin's — e mau seria se assim não fosse —, que reservou o horário das 16.00 às 19.00 para esse efeito. Entre as opções, possibilidade de partir directamente para a happy hour ou de fazer uma refeição ligeira (sopas a €2,50, hambúrgueres entre €10 e €12, tostas entre €8 e €9,50 ou sanduíches entre €7,50 e €10), mas foi criada a fórmula Lanche Darwin's, a €9, que inclui um sumo natural, chá à escolha, dois scones com compota e manteiga e um croissant.


Não tinha fome para tal, nem vontade de gastar tanto; fiquei, por isso, agradado por me ser permitido pedir simplesmente um cappuccino (entre várias outras escolhas possíveis, entre €1,50 e €4, além de vários chás a €2,50) e scones (€3,50 dão direito a três, com compotas e manteiga). Paguei €5,50 e deixei gorjeta porque achei o serviço francamente simpático e atencioso.


Fundação Champalimaud, Av. Brasília, Ala B, tel. 93 203 2579/76, lanches das 16.00 às 19.00 (excepto às seg. e ter., que encerra às 16.00)

24.3.11

eureka shoes store






[Montra da Eureka Shoes (foto de JMS), ao Chiado, e interior da loja (foto de divulgação); abaixo: colecção masculina (foto de divulgação)]



Depois de várias lojas e até um outlet mais a norte, eis que, desde Dezembro de 2010, Lisboa já conta com a sua primeira loja Eureka Shoes. No começo da rua Nova do Almada, quase a tocar na da Conceição, não chama logo à atenção, mas quem sabe ao que vai não tem como se enganar. 

Criada em 2009, esta rede de sapatarias é um negócio de família e distingue-se das demais por ter como principal alvo uma clientela mais urbana e atenta às tendências da moda que também passam, pois então, pelo calçado.

A loja de Lisboa tem dois ambientes (à entrada estão as colecções masculinas, na retaguarda ficam as femininas), mas a tónica comum é um ambiente pop barroco, com música de fundo, flyers e publicações de moda. Na minha última incursão, apanhei a Eureka algo desfalcada, entre uma colecção e outra, pelo que acusei a falta de opções sobretudo em matéria de ténis (ou sapatilhas, como preferirem) de nomes como o estilista Nuno Gama (que se junta a outros parceiros como Phillipe Souza ou a G-Star Raw, entre marcas próprias como a Grotesque, a Swear, a Dock Star ou a Bruut). 

Ainda assim, não foi tempo perdido. Além de uma óptima relação qualidade-preço (encontrei um modelo nacional por €99 praticamente idêntico a um outro da internacional Gant, que vira uns dias antes a mais de €160) e de trazerem designers e marcas que nem sempre se acham com facilidade na capital, destaco o facto de terem uma abordagem moderna e de apostarem em criações menos vistas, mas perfeitamente comerciais. Outra boa notícia é que, já a partir de Junho/julho, iniciam a venda online

Rua Nova do Almada, 26-28, de seg. a sáb., das 10.00 às 19.30

22.3.11

koni store (encerrou)

[Interior da Koni Store (foto de JMS), ao Chiado, e close-up do koni de morango e Nutella (foto D.R.); abaixo: fachada, virada para o largo Bordalo Pinheiro (foto de JMS)]


aqui falei antes da chegada das temakerias a Lisboa. A mais recente responde pelo nome de Koni Store e é um franchise da cadeia brasileira que mais sucesso faz do outro lado do Atlântico quando se fala não de sushi, mas sim dos cones de algas e arroz com recheios variados.


Até ver, os três sócios portugueses — Francisco Vasconcelos, António Mendonça Alves e Diogo Saraiva de Ponte — estão apenas no Chiado, virados para o largo Bordalo Pinheiro, mas há planos para muito mais; assim pegue a moda de ir, a qualquer hora do dia e da noite (a pensar nos noctívagos, a Koni fica aberta até às duas da manhã, de quinta a sábado), "aos konis".



Misto de restaurante e fast-food, a Koni do Chiado é agradável, informal e moderna, mas sem pretensões a ser "design". A ideia é ser funcional e prática, tanto para quem pede e fica por ali mesmo, como para quem encomenda e leva para comer fora. À disposição, 21 tipos diferentes de konis (como preferem chamar aos temakis), com uma variedade que abarca desde os clássicos com salmão ou atum até às misturas mais inusitadas ou às tempuras. Quentes ou frios, é à vontade do freguês.


Não são, porém, os konis salgados que me têm feito ali voltar, sempre que estou por perto à hora de lanchar, mas sim o koni de morango com Nutella em cone de bolacha, a estrela-maior da secção de doces que inclui ainda outras opções — também já provei o koni de mousse de manga com hortelã — pensadas para a sobremesa ou para um momento de fraqueza. Esta versão, que ganha novos e ferrenhos adeptos graças ao boca-a-boca, custa €2,50 e vai bem com um chá do dia (quente ou frio), a €1,50.

Rua da Trindade, 28, tel. 213 462 426, todos os dias, das 12.00 às 23.00 (até às 02.00, de qui. a sáb.)

18.3.11

penhas douradas food & factory

[Entre os produtos à venda na PDF estão os jellies, os caramelos de mel silvestre, as línguas de gato de feijoca, o mel de rosmaninho ou o pesto de urtiga (fotos D.R.); abaixo: interior da loja, ao Chiado, foto de JMS]


Comece por decorar o número da porta, 103, e por fixar as seguintes coordenadas: um pouco abaixo dos Armazéns Chiado, na rua Nova do Almada, ao lado da Levi's e frente ao Hotel do Chiado. Caso contrário, e à falta de letreiro ou outro sinal exterior visível, o mais provável é que passe pela PDF — abreviatura adoptada pela Penhas Douradas Food & Factory — sem dar por ela.
Mas a localização é boa e o conceito tem o seu mérito. A Casa das Penhas Douradas, um projecto de turismo de charme na serra da Estrela, foi o ponto de partida para que surgisse, desde Novembro de 2010, esta pequena (mínima) loja em Lisboa. A primeira impressão é que não há muito ali para ver ou comprar, mas essa ideia, que não é totalmente descabida, dissipa-se à medida que nos vamos fixando nos detalhes e trocando dois dedos de conversa com uma das sócias da PDF, que não só explica como faz ainda questão de dar a provar muitos dos produtos à venda.
Porque os olhos também comem, é bom dizer que se nota um cuidado especial nas embalagens e na apresentação, mas a intenção não se fica nas aparências. Por um lado, e recorrendo à preciosa consultadoria do chef Luís Baena — pioneiro em Portugal da cozinha molecular —, desenvolveram uma linha gourmet que, tendo por base ingredientes naturais da serra, chega às nossas mãos sob a forma de bisnagas de mel (rosmaninho ou urze) e de pestos variados, potes de chutney de castanha, citrinos ou abóbora, geleias, torrões, biscoitos, boletos ou rebuçados. Por outro lado, foram desencantar o burel, um tecido ancestral da mesma região que está cada vez mais a cair em desuso, e aplicaram-no, em diversas cores para além do tom cru, em mantas, tapetes, brinquedos, almofadas, individuais, entre outras coisas mais ou menos utilitárias.
Entendida a dualidade da PDF, saí com uma bisnaga de mel de rosmaninho (€5) e outra de pesto de urtiga (€4,50), mas é bem provável que ali volte em breve. É que, entretanto, já pus à prova o pesto (numa massa de espinafres) e este superou largamente as minhas expectativas.

Rua Nova do Almada, 103, tel. 212 456 910, de seg. a sex., das 11.00 às 20.00, e aos sáb., das 11.00 às 19.00

17.3.11

j'adore macarons

[Embalagens da J'adore Macarons com mini-macarons, fotos D.R.]


Depois dos cupcakes, os macarons. Modismo ou não, o tempo logo dirá, como sempre acontece nestas coisas. Até lá, não vejo que venha grande mal ao mundo por estarmos a tentar diversificar a oferta e a alargar a paleta de cores e sabores.
Não me vou alongar muito a explicar o que são os macarons. Biscoitos ou bolachas, o termo certo não é fácil de encontrar, mas, para lá da quase infinidade de recheios possíveis e cores imaginárias, ressalta a sua forma arredondada, a sua consistência crocante sem ser estaladiça, com uma massa que não chega a ser esponjosa e se desfaz, juntamente com o recheio, na boca. A receita, dizem, veio de Itália, mas foi em França, sobretudo na corte de Versalhes, que foi elevada à categoria de arte. No resto, casas parisienses como a Ladurée ou, mais recentemente, a Carette asseguram a tradição e os seus macarons são copiados um pouco por todo o mundo.
E é aqui que a coisa começa a piar mais fino. Copiar não é difícil; difícil é acertar na massa e nos recheios, pois pode até parecer uma brincadeira, mas nas melhores casas especializadas em macarons há chefes pasteleiros a tratar do assunto, o que deve querer dizer alguma coisa.
Em Lisboa, que eu saiba, podemos degustá-los no salão de chá Castela do Paulo, encomendá-los no sítio da Maison Macarons e comprá-los no ponto de venda da J'adore Macarons, ao Chiado. Das duas primeiras opções não falarei por falta de conhecimento próprio, mas fui, por fim, aos Armazéns Chiado, na rua do Carmo, para conhecer os macarons em versão lisboeta. Nas últimas semanas, várias publicações têm apresentado a J'adore Macarons como novidade, mas o negócio das amigas Mafalda e Liliana, apesar de bem intencionado e com um visual cuidado (o layout e as embalagens não são originais, mas fazem vista), divide as opiniões de quem já provou e gostou ou não.
Se reparar bem, eu falei em ponto de venda e não em loja. Não foi por acaso. Quando estiver no 4ª piso dos armazéns, no mesmo onde fica a entrada da Fnac, não procure uma loja e aponte antes na direcção da Bluestore, pois é em frente que está o pequeno quiosque da J'adore Macarons. À disposição, vários recheios (que, de caras, achei algo previsíveis: pistache, banana, café, caramelo, frutos do bosque, baunilha...) e tamanhos (do mini, a €0,55/unid, ao regular, a €1,10/unid, passando por versões maiores e especiais que chegam a custar €3,50/unid). Pensei em optar pela caixa composta de seis unidades (mini-macarons), mas ter-me-ia de sujeitar aos sabores — que não me entusiasmaram por ai além — e preferi eu mesmo escolher os que queria levar.
Na hora, provei um de pistache e outro de frutos silvestres. O tamanho dos regulares pode até ser generoso, mas pareceram-me mal acabados, para não dizer toscos. Tudo bem, é um trabalho artesanal, mas uma das coisas que mais distingue os macarons é a sua subtileza e finesse, o que falta aos da J'adore Macarons. Para não me ficar apenas nas aparências, acrescento que a massa estava fresca, mas tenho de dar razão a quem a comparou à de um suspiro. Excessivamente quebradiça. O recheio também não me deslumbrou e reforçou-me a sensação de estar a comer merengue e não legítimos macarons.
De propósito, fiz questão de guardar os restantes no frigorífico para ver como se portariam de um dia para o outro. Aguentaram relativamente bem e não notei que tivessem ficado mais secos, mas o veredicto está dado. São terríveis? Não, não são, mas também não são nada de especial. E isso, para quem sonharia encontrar em Lisboa macarons "à séria", pode ser uma valente decepção.

Armazéns Chiado, rua do Carmo, nº2, piso 4, todos os dias, das 10.00 às 22.oo

16.3.11

confraria lx (casa de chá)

[Entrada na rua do Alecrim, serviço de chá e aspecto geral da sala; abaixo: scones; fotos de JMS]


Testado (e aprovado) o conceito em Cascais, os sócios decidiram tentar também a sua sorte em Lisboa, pelo que da soma nasceu a Confraria Lx.
A recuperação de muitos edifícios, a par da abertura de lojas, restaurantes e cafetarias, está a dar um segundo fôlego à rua do Alecrim, e foi precisamente ai, logo no início para quem vem do Cais do Sodré, que o restaurante assentou arraiais. Não está sozinho, pois partilha o prédio azul — que por isso não passa despercebido — com o Lx Boutique Hotel, mas tem porta aberta para a rua e está pensado para servir quem passa, independentemente de estar ou não a pernoitar.
Ao almoço e jantar, à imagem e semelhança do que acontece na matriz, reinam o sushi, as saladas, as tapas e as sobremesas, mas disso, se for o caso, falarei numa outra oportunidade. É que me apeteceu ir à Confraria Lx a meio da tarde e testar até que ponto não se anuncia igualmente como casa de chá só da boca para fora.
À chegada, o anúncio de que vinha para lanchar causou na funcionária atrás do balcão uma momentânea hesitação... Confirmado que vinha, mesmo, para o chá e scones, tratei de me instalar junto a uma das janelas. O espaço é bonito, em tons de azul, rosa, lilás e castanho, com várias opções e recantos, além de apontamentos como candelabros ou aplicações pontuais em papel de parede inglês.
A fórmula chá (à escolha entre preto, preto perfumado, verde e vermelho sem teína, todos à €3) mais torrada ou scone, que sai por €5, pareceu-me perfeita, mas apreciei saber que, se quisesse, poderia ter antes optado por um simples café (que é como quem diz cappuccino, chocolate quente, galão, meia de leite ou até mazagran, que eu prefiro continuar a chamar de capilé) e que não receberia um redondo não caso me apetecesse uma salada, uma quiche ou um doce. E tudo, acrescento, a preços razoáveis.
Feito o pedido, tratei de puxar das minhas revistas (não me lembro de ter visto no local à disposição) e deixei-me ficar, confortável e sossegadamente, no meu canto, entretido da vida. O chá veio primeiro (detalhe: um bule inteiro para um e não a caneca ou chávena que muitos, sovinamente, começaram a adoptar); o scone demorou mais um pouco, mas a espera foi amplamente compensada pelo facto de vir aos pares e a fumegar. Ponto para eles, que acabaram assim por ganhar mais um freguês.

Rua do Alecrim, 12-A, tel. 213 426 292, o salão de chá encerra à seg. e funciona das 15.00 às 19.30

11.3.11

ice dreams

[A Ice Dreams propõe a degustação de gelados e vinho (foto de José Carlos Carvalho, D.R.) e está instalada no Princípe Real]


A tarde chuvosa convidava, porventura, a outro tipo de aconchego, o que pode explicar, em parte, o facto de ter ido encontrar a Ice Dreams vazia. Mas, a ser essa a razão, não partilho dela, pois nem tudo ali gira à volta dos gelados — embora sejam eles, e muito bem, o principal chamariz —; e mesmo se assim fosse há muito que está ultrapassada, felizmente, a ideia de que gelados e Inverno não combinam.
Foi por pensar assim que João Martinho, sócio-gerente, abriu as portas, em finais de Janeiro, na rua da Escola Politécnica, a meio caminho entre o Largo do Rato e a Praça do Príncipe Real. Nos últimos meses, muitas são as novidades que têm sacudido o pacato, mas cada vez mais desejado, bairro lisboeta, mas faltava-lhe uma geladaria de conceito personalizado, inspirada no que se faz em Buenos Aires, onde João Martinho viveu por dois anos.
Da capital argentina, por certo devido à influência da imigração italiana e pela grande variedade de frutas frescas, chega-nos uma outra forma de degustar e entender os gelados e sorvetes. De lavra artesanal, na primeira categoria encontramos sabores como o chocolate, a nata, o queijo de figo, a baunilha do Taiti, o mascarpone com frutos do bosque, a mousse de limão com gengibre, o doce de leite ou o zambaglione (estes dois últimos são dos mais apreciados na Argentina), ao passo que nos sorvetes, mais leves, temos a tangerina, a amora, o morango ou o maracujá.
No total, são cerca de 20 variedades (1 sabor: €2,30; 2 sabores: €3,80; 3 sabores: €5,10; frutas e/ou toppings à parte), mas aconselho a optar por um dos menus de degustação que permitem saborear trios (a €3,80). Optei pela Colecção Silvestre (amora ou morango, alfazema e alecrim), que não me fez esquecer os do Santini, mas dar-lhes-ei uma nota de crédito e qualquer dia regresso para provar o Gourmet Dreams (queijo de cabra, queijo de figo e mousse de limão com gengibre) e a Tentação (três variedades de chocolate).
O propósito de fazer da Ice Dreams uma proposta para todo o ano sai ainda reforçada com a possibilidade de degustar gelados combinados com um copo de vinho (€4) ou um cálice de Porto Tawny (€4,60) — acredito que possa resultar, mas não foi desta ainda que o (com)provei —, de os levar para casa (embalagem de 0,5l a €10 e embalagem de 1l a €19) ou ainda de os beber em versão de batido (€4,50).
O espaço, sob o comprido, é desafogado sem ser grande, mas dá para nos sentarmos, folhearmos uma revista e ficarmos um pouco à conversa ou até simplesmente a ver quem passa na rua. Não fiquei deslumbrado, mas é agradável e reserva mesmo uma área na parte traseira para exposições temporárias. Ajuizada, e oportuna, parece-me a ideia de não terem limitado a oferta aos gelados e seus derivados, apostando igualmente na vertente de pastelaria (além de brownies, gaufres, crepes, há também chocolate para beber, smoothies e bombons de autor). É que estamos em Lisboa, e não em Buenos Aires, e é bom ter em conta os nossos hábitos e manias.

Rua da Escola Politécnica, 21, de seg. a qui., das 10.30 às 21.oo, aos sáb., das 10.00 às 22.00, e aos dom., das 10.00 às 20.00

8.3.11

forneria estado líquido

[Interior da Forneria, onde as pizzas são servidas a preceito numa campânula de cobre, como se vê no detalhe abaixo, fotos D.R.]


Segunda-feira, dia algo ingrato para ir jantar fora. Pior quando a noite prometia chuva; mas era véspera de feriado e ainda que a folia carnavalesca não fosse o pretexto maior, não apetecia ficar em casa a fazer de coach potato.
Entre as opções disponíveis, acabámos por eleger a Forneria Estado Líquido, ao largo de Santos, quase colada ao Teatro A Barraca. A casa tem poucos meses e ocupa uma pequena sala ao lado do bar do mesmo grupo que, depois do sushi e do sushi de fusão, investe também no negócio das pizzas gourmet (vou deixar o plural correcto, pizze, para os italianos legítimos). Em época de superlativos, João Matias, o homem no leme, não faz por menos e anuncia "a melhor pizza do mundo agora em Lisboa", adoptando e seguindo um conceito já devidamente testado — com assinalável êxito, diga-se — em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Foi precisamente por conhecer, e apreciar, as matrizes brasileiras — que primam por uma arquitectura aberta, decoração caprichada mas informal e uma clientela-classe-média-alta que faz da Forneria o seu ponto de encontro e/ou de abrigo a qualquer hora do dia —, que demorei um pouco até me decidir a conhecer a sua variante lusa. A sala, como escrevi antes, é pequena, mas aconchegante, e prima por um layout contemporâneo que, sem destoar da marca registada do Estado Líquido, é agradável à vista. Não tem a leveza ou a informalidade das congéneres brasileiras, pelo que se assumiu mais a vertente de restaurante e o facto do nosso clima e dos nossos hábitos não serem os mesmos. Não deixam de ter razão.
O atendimento, assegurado maioritariamente por funcionários brasileiros até onde percebi, foi simpático, rápido e eficiente e a sala, numa segunda-feira à noite (não é demais repeti-lo), não estava lotada, mas composta. Mas vamos ao mais importante: a comida. Escolhida a sangria de vinho tinto para acompanhar (já bebi melhor), hesitámos entre o risotto de pêra bêbada com peito de pato ao forno (há outras opções, todas em torno dos €10 por prato) e uma das muitas pizzas disponíveis (todas em torno dos €18, mas servem duas pessoas). Acabámos por eleger a pizza, não só por ser o seu principal cartão de visita (a massa fina é cozida por igual num forno a lenha), mas também por nos ser permitido combinar duas diferentes (optámos por meia de Pacaembu e meia de rúcula) e por a mesma vir servida, como é preceito da Forneria, numa campânula de cobre que evita o seu arrefecimento.
Não comemos entrada (destaco mesmo assim a selecção de carpaccios e de saladas, com preços que começam nos €3 e pouco), mas não resistirmos à sobremesa; há pizzas doces de calda de caramelo ou de chocolate com morangos frescos, porém a nossa escolha recaiu na banana caramelizada com sorvete de manjericão e no cheesecake de bolacha (preços em torno dos €5). Rematámos com um café e pagámos à cabeça €25.
Saí com vontade de voltar, agradado com a riqueza e frescura dos ingredientes, por um lado, e a textura da massa das pizzas, por outro. Senti falta de alguns pormenores que tornam emblemáticas as Fornerias de São Paulo ou do Rio, mas há que aceitar as diferenças e o facto de estarmos em Lisboa.

Largo de Santos, 9-A, tel. 213 972 002, todos os dias, das 12.30 às 16.00 e das 20.00 às 00.00 (02.00 às sex. e sáb.)
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