8.3.11

forneria estado líquido

[Interior da Forneria, onde as pizzas são servidas a preceito numa campânula de cobre, como se vê no detalhe abaixo, fotos D.R.]


Segunda-feira, dia algo ingrato para ir jantar fora. Pior quando a noite prometia chuva; mas era véspera de feriado e ainda que a folia carnavalesca não fosse o pretexto maior, não apetecia ficar em casa a fazer de coach potato.
Entre as opções disponíveis, acabámos por eleger a Forneria Estado Líquido, ao largo de Santos, quase colada ao Teatro A Barraca. A casa tem poucos meses e ocupa uma pequena sala ao lado do bar do mesmo grupo que, depois do sushi e do sushi de fusão, investe também no negócio das pizzas gourmet (vou deixar o plural correcto, pizze, para os italianos legítimos). Em época de superlativos, João Matias, o homem no leme, não faz por menos e anuncia "a melhor pizza do mundo agora em Lisboa", adoptando e seguindo um conceito já devidamente testado — com assinalável êxito, diga-se — em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Foi precisamente por conhecer, e apreciar, as matrizes brasileiras — que primam por uma arquitectura aberta, decoração caprichada mas informal e uma clientela-classe-média-alta que faz da Forneria o seu ponto de encontro e/ou de abrigo a qualquer hora do dia —, que demorei um pouco até me decidir a conhecer a sua variante lusa. A sala, como escrevi antes, é pequena, mas aconchegante, e prima por um layout contemporâneo que, sem destoar da marca registada do Estado Líquido, é agradável à vista. Não tem a leveza ou a informalidade das congéneres brasileiras, pelo que se assumiu mais a vertente de restaurante e o facto do nosso clima e dos nossos hábitos não serem os mesmos. Não deixam de ter razão.
O atendimento, assegurado maioritariamente por funcionários brasileiros até onde percebi, foi simpático, rápido e eficiente e a sala, numa segunda-feira à noite (não é demais repeti-lo), não estava lotada, mas composta. Mas vamos ao mais importante: a comida. Escolhida a sangria de vinho tinto para acompanhar (já bebi melhor), hesitámos entre o risotto de pêra bêbada com peito de pato ao forno (há outras opções, todas em torno dos €10 por prato) e uma das muitas pizzas disponíveis (todas em torno dos €18, mas servem duas pessoas). Acabámos por eleger a pizza, não só por ser o seu principal cartão de visita (a massa fina é cozida por igual num forno a lenha), mas também por nos ser permitido combinar duas diferentes (optámos por meia de Pacaembu e meia de rúcula) e por a mesma vir servida, como é preceito da Forneria, numa campânula de cobre que evita o seu arrefecimento.
Não comemos entrada (destaco mesmo assim a selecção de carpaccios e de saladas, com preços que começam nos €3 e pouco), mas não resistirmos à sobremesa; há pizzas doces de calda de caramelo ou de chocolate com morangos frescos, porém a nossa escolha recaiu na banana caramelizada com sorvete de manjericão e no cheesecake de bolacha (preços em torno dos €5). Rematámos com um café e pagámos à cabeça €25.
Saí com vontade de voltar, agradado com a riqueza e frescura dos ingredientes, por um lado, e a textura da massa das pizzas, por outro. Senti falta de alguns pormenores que tornam emblemáticas as Fornerias de São Paulo ou do Rio, mas há que aceitar as diferenças e o facto de estarmos em Lisboa.

Largo de Santos, 9-A, tel. 213 972 002, todos os dias, das 12.30 às 16.00 e das 20.00 às 00.00 (02.00 às sex. e sáb.)

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