[O bar que antecede o restaurante The Decadente (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Estive uns dias ausente de Lisboa, mas antes disso encontrei tempo (e disposição) para ir finalmente experimentar (e conhecer) o brunch de domingo do The Decadente Restaurante & Bar, um dos mais recentes a aportar por estas bandas.
Do brunch, propriamente dito, ouvi uma coisa ali, outra acolá. Nada de muito sólido, ou conclusivo, para criar (demasiadas) expectativas.
[É preciso atravessar a entrada do albergue para ir ao restaurante, nas traseiras (©joão miguel simões, todos os direitos reservados) |
Já enquanto restaurante, The Decadente (suponho que a intenção do nome seja por-nos a gaguejar, em modo repeat, no "de de") tem gerado um certo sururu, com muito boa gente a queixar-se da dificuldade em conseguir uma mesa para jantar nas noites mais concorridas.
[Ante-câmara do The Decadente (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Não deixa de ser um feito apreciável. Sem acesso direto à rua, para ir ao "De'Decadente" é preciso entrar e atravessar o mais novo albergue de Lisboa — à velocidade vertiginosa com que abrem hostels-geração-Ikea na capital (e não só, o Porto já vai pelo mesmo caminho), arrisco-me a pecar por desatualização... —, que responde pelo igualmente sugestivo nome de The Independente Hostel & Suites.
[A "esplanada", aberta mesmo em pleno Inverno (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Instalado de mala e cuia num palacete antigo, com o Bairro Alto a dar-se ares de Príncipe Real, o albergue fica virado para o mirador de São Pedro de Alcântara. Já o restaurante abancou nas traseiras do edifício, mas tira proveito do facto de possuir um pequeno quintal, entre prédios, ideal para os dias de Sol mesmo em pleno Inverno.
[Ambiente retro, mas não muito (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
A cozinha está entregue a uma equipa jovem, comandada pelo chef Nuno Bandeira de Lima e o sous-chef Thomas Manchini (que coloca no currículo Alain Ducasse e a Tasca da Esquina de Vítor Sobral), mas isso acaba por não ter grande peso no serviço domingueiro de brunch.
[Clientela jovem, mas não só, no brunch domingueiro (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Aproveitei a largueza de horário, entre as 12 e as 17 horas, para chegar um pouco depois das três da tarde. Salas compostas (são duas, mais umas quantas mesas e bancos corridos de madeira no tal quintal), Pop como barulhinho de fundo e uma clientela urbana e informal, na faixa dos 20 e 30, sobretudo (mas não só, contei uns quantos pais acompanhados de filhos adolescentes ou já adultos).
[O brunch tornou-se um ponto de encontro de Lisboa aos domingos (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Base neutra, cadeiras desirmanadas, luminárias de diferentes estilos ao pendurão sobre as mesas de fórmica e toques revivalistas, mas non troppo, remetem-nos para as décadas de 1950, 1960.
[A mesa do bufete (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
De caras, achei a mesa do bufete meio "pobrinha", com cereais, dois tipos de pães (de Mafra e de sementes), queijo, fiambre, compotas, mel, fruta da época, salada, massa fria com frutos secos, bebidas quentes (café e chocolate) e frias (leite, sumo de laranja, limonada e ice tea caseiro com hortelã), duas sobremesas (uma delas não reposta)... Também não fiz vista grossa aos cereais derramados no chão que, enquanto ali estive, nenhum empregado se dignou a apanhar.
[O prato "Americano" (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
O bufete é para todos e depois há que eleger um prato entre três propostas: British (pão de Mafra tostado, bacon, feijões, salsicha, tomate assado e ovo), Americano (pão de Mafra tostado, panqueca de frutos vermelhos com xarope de chá verde e mel, salchicha picante com especiarias, batata com paprika e molho picante, ovo e bacon) e Mediterrânico (pão de Mafra tostado, cogumelo Portobello, tomate assado, ovo, morcela assada e espinafres).
Optei pelo prato Americano e não me arrependi.
Mas também não me entusiasmei. Ao contrário de quem embirra com esta coisa do brunch, que não é carne nem peixe para alguns, eu gosto e cultivo o ritual preguiçoso.
[Arroz doce porque o bolo já tinha acabado... (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Talvez por isso, e porque tenho inúmeros pontos de comparação, achei este, no conjunto, fraco.
Mas ai, na hora de pagar, apresentaram-me uma conta de €14 (e é possível fazê-lo a partir dos €8 por pessoa) e fiquei um pouco desarmado.
Sim, está longe de ser um grande brunch, mas estamos a falar de um albergue e de uma relação qualidade-peço muito razoável.
Por isso, e só por isso, dou-lhe o benefício da dúvida.
Rua de São Pedro de Alcântara, 81, tel. 213461381, aos dom., entre as 12.00 e as 17.00. Serve ainda almoços e jantares
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