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7.2.13

ano novo, cara nova e mesa para muitos... está assim o flores do bairro

[Foram-se as toalhas de mesa e entrou a cor (foto de divulgação)]

Os anos passam. 

Até mesmo para os hotéis. 

Aberto em 2005, o Bairro Alto Hotel (BHA) depressa tornou-se um ponto de encontro, para lisboetas da gema e do coração, entre a elegância do Chiado e a boémia do Bairro. 

[Picar e partilhar são os verbos a conjugar nesta nova fase do Flores (foto de divulgação)]

Perdemos todos a conta às vezes em que o seu bar-terraço, perfeito ninho de cucos para ver a cidade ribeirinha de cima, foi eleito um dos mais desejados a nível internacional dentro do seu género. Mais abaixo, qual par de jarras a escoltar a menina e moça receção, o café-bar BA e o restaurante Flores também ajudaram a somar pontos e a amealhar, mais do que clientes, amigos. 

Mas porque um hotel não pode nem deve dormir na forma, o BHA achou por bem encerrar as portas entre o final de 2012 e o começo de 2013 para sacudir a poeira, renovar a pintura, substituir o que já acusava cansaço e adaptar-se às novas vontades. 

[Mudou a decoração, mas o homem ao leme continua a ser Vasco Lello (foto de divulgação)]

Reabriu dia 1 de fevereiro, sem alardes, mais contemporâneo e menos formal. O Flores do Bairro (como se passou a chamar) é disso a prova maior. As mesas libertaram-se das toalhas, a loiça e os tachos de ferro fundido remetem-nos, ainda que estilizadamente, para a tradição portuguesa e há luminárias, arranjos de flores, tecidos e até um aparador, a pièce de resistence, coloridos. 

Não se perdeu a classe. Ganhou-se foi uma maneira de estar mais adequada ao público que se pretende preservar e ganhar. 

Meses atrás, quando Vasco Lello, o jovem chef que se mantém ao leme do Flores do Bairro, introduziu na carta uma versão do bitoque (ler aqui) era já um prenúncio de mudança. 

[A loiça remete-nos à tradição portuguesa (foto de divulgação)]

De nada adiantaria mudar a forma sem mexer no conteúdo, por isso Lello marca a presente temporada do Flores do Bairro com petiscos e pratos que todos reconhecemos, na sua base, do receituário tradicional, a que ele deu a volta para os chamar de seus. 

Não é um propósito novo, convenhamos (sobretudo numa época de tanta tasca e taberna da nova geração em Lisboa), mas Lello consegue, sem a pretensão de ser mais do que é, algumas soluções que, helàs, não nos soam nem sabem a mais do mesmo. 

E se os hábitos mudaram e a Troika obriga a que muitos portugueses façam agora mais contas na hora de ir comer fora, o Flores dá provas de sensatez e apresenta fórmulas que incentivam, a bom custo, o petisco e a partilha à mesa. 

Sem choradinhos. 

[Cabeça de xara com saladinha de favas (foto de divulgação)]

Nas entradas, para picar (desde três euros), destaque para a cabeça de xara com saladinha de favas, os peixinhos da horta com molho romanesco ou a açorda de lascas de bacalhau, pimento vermelho e ovo escalfado. 

[Chips de corvina e arroz de berbigão (foto de divulgação)]

Nos peixes, provei e gostei do arroz de berbigão com chips de corvina.

[Cabritinho assado com alecrim (foto de divulgação)]
[Empada de perdiz (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Nas carnes, o meu coração bateu mais forte pela empada de perdiz, mas a perna de cabritinho assado com alecrim também não fez feio.
[Pêra com chocolate, requeijão e biscoitos de amêndoa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Nas sobremesas, vale a pena reservar apetite para meter a colher na pêra com chocolate, requeijão e biscoito de amêndoa, no crumble de maçã e nos papos de anjo com frutos vermelhos. 

[Crumble de maçã (©joão miguel simões, todos os direitos reservados]

Escusado será acrescentar, à laia de conclusão, que a mesa comum no centro da sala não é mera figura de retórica. 

[Papos de Anjo com sorvete de frutos vermelhos (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Vá e leve um amigo. 

[Tarte de chocolate com ganache (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Ou dois. Ou três.

Bairro Alto Hotel | Praça Luís de Camões, 2, almoços das 13.00 às 15.00 (menu executivo a € 18,50) e jantares das 19.30 à`s 23.00 

16.2.12

de castro elias, porque às vezes tudo o que nos apetece é petiscar (e simplificar)

[Miguel Castro e Silva, o chef portuense, há uns tempos em Lisboa, é o consultor do De Castro Elias (foto de divulgação)]


Já passa das nove. 

R., volta e meia minha cúmplice nestas coisas dos prazeres da mesa, está atrasada.

Ataco o couvert e aceito a sugestão de abrir oficialmente a noite com um vinho verde minhoto de Gil Vaz Avesso (€3,20). Médio.

Há tempos que estou para escrever sobre o De Castro Elias, mas, por não ser mais uma novidade e por ter outras prioridades, venho adiando...

[Branco mais branco não há (foto de divulgação)]

... até que hoje, a pretexto do meu último jantar ali, me decidi. Primeiro, nunca foi minha intenção falar apenas de coisas novas; segundo, é provável que, tal como R., muitas outras pessoas ainda não conheçam este espaço.

[À entrada, as mesas altas lembram mais um bar (foto de divulgação)]

No trecho final da Elias Garcia, quase colado à rua Marquês de Sá Bandeira, o De Castro Elias foi buscar o nome à avenida e ao chef portuense Miguel Castro e Silva, que, a par do seu restaurante Largo (Chiado, Lisboa), faz aqui as vezes de consultor.

[O couvert (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Projeto idealizado por quatro sócios, o De Castro Elias não tem pretensões a ser mais do que é: petiscaria moderna, com apenas 36 lugares, onde servem vários pratos do receituário tradicional português, revisitados e a bom preço.

[A ementa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Assim mesmo, sem tirar nem pôr.

Existem vários outros espaços em Lisboa que seguem uma filosofia idêntica, mas, sem alardes ou modismos exagerados, o De Castro Elias possui freguesia cativa e é, na minha opinião, dos que se podem gabar de ter uma ótima relação qualidade-preço.

[A cavala fumada, um peixe muito subestimado e relegado para segundo plano, que os chefs começam agora a recuperar. Esta estava deliciosa e eu nem sou apreciador! (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

A área útil não é muito grande, mas está bem aproveitada, tanto que acrescentaram, digamos, um cantinho onde funcionam igualmente como loja gourmet. Para comer, ou nos sentamos nas mesas altas, de um vermelho vivo, à entrada, ou nos instalamos nas mesas mais recuadas, onde o branco é quem mais ordena. São um espaço só, mas a primeira lembra mais um bar e a segunda um restaurante.

[Ainda nos quentes, mexilhões e morcela com maçã. Nham! (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Na ementa, curta, há vinho a copo (entre €2,50 e €5,60), pratos do dia (de segunda a sexta, preço médio de €9,60) e um menu para duas pessoas a €34 (Requeijão com compota de abóbora, Maionese de camarão com ovo, Pipis de fígado de frango, Iscas de cachaço de bacalhau, Empadinha de frango e cogumelos, Rojões de porco com milhos de tomate).

[Bem interessante, e saborosa, esta tiborna de bacalhau faz uma releitura da versão servida com batatas a murro (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

E não é só. 

[Depois da primeira garfada... (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Várias outras sugestões repartidas por três seções: picar, frios e quentes. E também sobremesas, pois então.

[E ainda houve apetite, e curiosidade, para esta raia de alhada (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Eu prefiro sempre partilhar os petiscos e depois, se ainda houver apetite, passar a um dos pratos. 

Ah, nota positiva para a água da torneira, como agora é da praxe, servida numa garrafa de vidro estilizada e sem custos. Faz sentido que assim seja e que quem deseje uma água diferente pague por isso. No final, deu €25 por pessoa, mas dá para fazer por menos.

Av. Elias Garcia, 180-BLisboa, tel. 217 979 214, todos os dias, entre as 12.30 e as 15.00 e entre as 19.30 e as 23.30.

29.7.11

tascarepública

[Velharias e peças desencontradas, é esta a nota dominante da TasCaRepública, para os lados de São Bento (fotos de divulgação)]

Há quem nunca lhes tenha virado as costas, mas esses, provavelmente, não são  hoje os clientes que frequentam as novas tascas e tabernas de Lisboa. 


A cada dia que passa, a moda alastra e não deve parar tão cedo, mesmo em tempos de alardeada crise.

[A entrada, assumidamente kitsch (foto de divulgação)

Grosso modo, a fórmula parece simples e não difere muito de caso para caso, o que não quer dizer que sejam favas contadas. Às tascas e tabernas de agora, para lá do estilo garagem-sotão-arrecadação-meets-feira-da-ladra que se tornou quase um uniforme corporativo, não podem faltar bons petiscos à portuguesa (mas com um toque de novidade), uma lista de vinhos marcadamente nacional e alma convivial, essa subtileza intangível, mas determinante, para que um lugar caia no goto e outro não.

[A colecção de relógios de parede, com e sem cuco, da TasCa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

A TasCaRepública (é assim mesmo que se escreve, tudo ao molho, para induzir ao duplo sentido sempre tão apreciado pelo humor tuga), a meio caminho entre o Rato e São Bento, conseguiu-o e vive em estado de graça desde finais de 2010, altura em que abriu as portas, em vésperas das comemorações do Centenário da República.

[foto de divulgação]

Francisco e Maria Adelaide Completo, o casal de proprietários, testaram o conceito na sua primeira tasca, a do Urso que fica para os lados do Príncipe Real, mas esta, pela sua localização, ganhou desde logo uma clientela muito especial aos almoços. Claro que ajuda ter um menu a €10 com escolha de pratos portugueses, mas não é (só) por isso que a Assembleia da República, em peso, pára ali para almoçar. O ambiente conta muito. A discrição, no melhor género as paredes-podem-ter-ouvidos-mas-fica-tudo-aqui, também.

[A ementa ao jantar (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Aos jantares, a coisa muda de figura. Mas nem por isso é menos concorrida. Durante meses a fio, sempre que eu ou algum amigo se lembrava, à última da hora, de querer ir experimentar, dávamos, em bom português, com os burros na água. Lotada.

[A louça antiga e o couvert com broa e tremoços (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Por fim, numa destas noites mais sossegadas, em que meia Lisboa se pira para outras paragens de veraneio, eis que eu e uma cúmplice habitual nestas incursões gastronómicas conseguimos o nosso intento. Aleluia.

[Tiborna de presunto (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Com duas salas, a TasCa não é grande, mas está cheia de detalhes, alguns dos quais de gosto assumidamente duvidoso. Acho graça ao diner luminoso à entrada, a fazer pandan com um carrinho de bebé que serve de bar. Nas mesas, há cadeiras desencontradas, naperons de plástico e pratos desirmanados.

[Alheira transmontana com queijo Chèvre e geleia de tomate (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Na carta dos jantares, já dei a entender, os petiscos são quem mais ordena, havendo apenas 4 opções de pratos de faca e garfo. A lista é grande, mas têm muita saída as tirbornas de presunto, a alheira transmontana com chèvre e geleia de tomate (frita no ponto, e não a desfazer-se), os peixinhos da horta, as pataniscas de bacalhau com molho de iogurte, os cogumelos recheados com queijo e ervas, e por ai vai.

[Espera-Maridos, a sobremesa a que os mais gulosos não resistem (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

A Carta de vinhos dá maior destaque aos tintos, com preços médios. Não era o caso naquela noite, mas acho que numa legítima tasca nunca é demais ter igualmente boas opções de vinho a copo. Se havia, não dei por elas.

No couvert, gostei do detalhe da broa, entre mais um ou dois tipos de pão, num cesto com pano bordado e dos tremoços. Típico e oportuno.

Nas sobremesas, quem lá conseguir chegar depois dos entreténs de palato, a mousse de lima é boa (mas seria ainda melhor se estivesse mais fria) e o Espera-Maridos não desilude quem aprecia doces portentosos. 

Quase 30 euros à cabeça (com vinho e uma caipirinha de aperitivo) e o sentimento de dever cumprido.

Rua de São Bento, 312, tel. 213 951 583, almoços, de seg. a sáb.,  entre as 12.00 e as 15.00; jantares, de ter. a sáb., entre as 18.30 e as 02.00

11.6.10

orpheu caffé

[A sala contígua, com dois ambientes, fotos de JMS]


Abriu há coisa de uma semana e não podia ter escolhido melhor morada: praça do Príncipe Real, no lado esquerdo do jardim para quem vem da rua da Escola Politécnica.
A janela florida e a porta, emolduradas por uma bonita (e genuína, dizem-me) fachada de azulejos, não fazem grande alarde da sua presença, mas, com pouco tempo de vida, já há quem, como eu, vá ali de propósito movido pela curiosidade. O nome escolhido traz-nos à memória a saudosa revista do princípio do século XX dedicada à literatura, que, mesmo sem ter passado do segundo número, haveria de ser determinante para o movimento modernista encabeçado por figuras como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro ou Almada Negreiros. E mesmo que não venham a acontecer tertúlias no Orpheu Caffé, o certo é que o espaço, pensado por Rui e Gabriela - que, contaram-me, largaram uma carreira nas finanças para cumprir o seu sonho-, tem tudo, à partida, para funcionar muito bem como um novo ponto de encontro e reunião numa das zonas mais aprazíveis de Lisboa.
A sala contígua, sobre o comprido, não é muito grande, mas, sem interferirem com o balcão, criaram um espaço de poltronas, mais cosy, junto à janela e, além de várias mesinhas retro com tampos de mármore (ideais para um tête-à-tête), duas mesas maiores, a lembrar as nossas casas de jantar, surgem como ilhas destinadas a grupos mais numerosos ou a quem não se importar de as partilhar - a banqueta em veludo verde capitonado, uma das pièce de resistance juntamente com duas bonitas consolas, também senta várias pessoas, mas nesse caso é suposto que cada um esteja virado para a sua mesa.
O papel de parede florido, combinado com a pintura lilás, funciona bem - só ali destoam os extintores berrantes, que sei serem um "mal" necessário, mas gostaria de tê-los visto melhor "disfarçados" -, assim como a ementa, pequena, mas simpática e suficientemente polivalente para durar um dia inteiro. Quem for só lanchar tem à disposição sumos naturais, refrescos, torradas, tostadas, sandes, além de outras coisas comuns em cafetarias (o café, por exemplo, vem acompanhado de um biscoito caseiro); quem for para uma refeição ou simplesmente petiscar, pode contar ainda com doses de torricado de peito de peru com puré de maçã em cama de espinafres, rebuçado de queijo cabra e mel ou patanisca de alheira, entre outras sugestões. O propósito é, do pequeno-almoço ao jantar, sem esquecer quem vem para um copo e dois dedos de conversa ao final da tarde e/ou antes de ir para a noite, encontrar ali uma solução.
Por enquanto fui só a meio da tarde - e paguei €5 por um lanche composto por um sumo de morango com hortelã e meia torrada com compota e manteiga, não me tendo escapado o pormenor do naperon a fazer as vezes de individual -, mas tenciono voltar, com mais tempo, para experimentar o brunch (€15), servido aos sábados, domingos e feriados, entre as 10.00 e as 15.30. O atendimento é simpático e amável; é possível que haja ainda detalhes e coisas a afinar, como aliás ouvi uma senhora a sugeri-lo, com alguma sobranceria à mistura, é certo, na mesa ao lado, mas apetece-me indicá-lo aos amigos e conhecidos.

Praça do Príncipe Real, 5-A, de seg. a qui., das 10.00 às 00.00, às sex., das 10.00 às 02.00, aos sáb. das 09.00 às 02.00, aos dom., das 09.00 às 20.00
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