29.1.12

as novidades da eric kayser: pães temáticos e brunch aos fins-de-semana e feriados

[A Eric Kayser de Lisboa aposta nos pães desde a primeira hora (foto de divulgação)]

"Numa casa portuguesa fica bem, pão e vinho sobre a mesa."

Tudo isto é fado, mas na Eric Kayser lisboeta — de quem falei aqui não faz muito tempo — não querem saber de tristezas e já descobriram o ponto fraco dos portugueses.

Sim, somos gulosos, mas quem nos tira o pão, tira-nos quase tudo.

[Pães há muitos, mas a Eric Kayser gosta de uma novidade (foto de divulgação)]

Vai dai, os dois sócios da primeira loja em solo nacional — que, até segunda ordem, não se descosem sobre quando e onde vão abrir a nova loja da Eric Kayser, também em Lisboa — tiveram uma ideia de truz.

[Além da linha habitual, um pão especial a cada mês (foto de divulgação)]

A par da linha habitual de pães, disponíveis todos os dias, a Eric Kayser decidiu casar cada mês do ano com um pão especial. A saber:



JANEIRO
Pão com Passas (em formato diferente)
FEVEREIRO
Pão com Chouriço
MARÇO
Pão Ekmek (pão turco com mel)
ABRIL
Pão Ekilibrio
MAIO
Pão Meridional (com tomate seco e azeitonas)
JUNHO
Pão com Sardinhas
JULHO
Pão com Tâmaras
AGOSTO
Pão com Tâmaras
SETEMBRO
Chapata
OUTUBRO
Baguette dos Esquilos (com avelãs, ameixas secas, passas e manteiga)
NOVEMBRO
Tarteflette (pão com queijo e toucinho)
DEZEMBRO
Pão com Castanhas

O pão de Janeiro já foi, eu sei, mas meses há muitos. E, pelos vistos, pães também. 


Pelo menos na Eric Kayser, que acaba ainda de anunciar uma outra novidade para os fins-de-semana e feriados: brunch parisiense ao preço imbatível de €9 por pessoa.

[O brunch parisiense (foto de divulgação)]

A proposta, servida até às 15 horas, inclui: ½ baguette Amoreiras; croissant ou pão com chocolate; café, galão, meia de leite ou chá; sumo de laranja natural; compota e manteiga; ovos mexidos com tomate confitado e salmão fumado ou presunto.

Amoreiras Plaza, rua Silva Carvalho, 321-lj C, tel.: 211 927 894, de seg. a dom., entre as 07.30 e as 20.30

18.1.12

à conversa com o chefe cordeiro, no feitoria, a pretexto da nova carta, do novo livro e da nova estrela

[O Chefe Cordeiro junto ao painel Nanban, na entrada do Feitoria, em Belém (foto de divulgação)]

Os últimos meses têm sido corridos para o Chefe Cordeiro.

[O prato de perdiz vermelha selvagem que Cordeiro apresentou no Tribute to Claudia, e cuja foto partilhou no seu Facebook (direitos reservados)]

Ele foi o programa "MasterChef", a estrela Michelin arrecadada para o Feitoria (aqui), o lançamento do seu primeiro livro de receitas (aqui) ou ainda, já este mês, a solicitação para estar presente no Festival Gourmet Internacional-Tribute to Claudia do Vila Joya, a decorrer até ao próximo dia 22 no Algarve — onde preparou a sua perdiz vermelha com castanhas e trufa negra, coxas confitadas e cogumelos do bosque, um prato saído da sua atual carta de Outono-Inverno —, e para preparar um jantar inteiro de sua autoria no âmbito do programa "Prove Portugal", que terá lugar amanhã, dia 19, na Embaixada de Portugal em Madrid.

[A par do painel, os pontos de luz em caixas douradas suspensas no teto são a grande imagem de marca do Feitoria (foto de divulgação)]

Tanta novidade junta, bem como a necessidade de fazer alguns melhoramentos, explica o facto do Feitoria ter ficado de portas fechadas nas primeiras semanas de Janeiro. Reabre esta sexta, dia 20, e promete uma ou outra surpresa.

[O terraço al fresco do Feitoria, perfeito mesmo no Inverno, quando faz Sol (foto de divulgação)]

A pretexto de um artigo para a edição de Fevereiro da revista "Evasões", estive ali faz muito pouco tempo, numa tarde belíssima de Inverno, com as esplanadas do Altis Belém viradas para o Tejo cheias, à conversa com o Chefe, como não se importa de ser tratado.

[Cordeiro fez questão de escolher as toalhas, a louça, os marcadores, os copos... nada lhe escapa (foto de divulgação)]

Antes aproveitei, que não sou tolo nem nada, para degustar uns quantos pratos da carta de Outono-Inverno, devidamente maridados com vinhos escolhidos pelo escanção, que é também chefe de sala, André Figuinha.

[A adega, ao fundo, está à vista, integrada na decoração da sala (foto de divulgação)]

O que se segue, é o resultado de uma coisa e outra. Uma refeição demorada e uma boa conversa, que me fez continuar à mesa tarde adentro, sem grandes pressas.

[O Menu de Degustação de 4 Pratos (clicar na foto para ver maior)]

Em finais de Abril de 2011, Carlos Maribona, um dos críticos espanhóis mais respeitados e seguidos em Portugal, partilhou com os leitores do seu blog, o “Salsa de Chiles”, as impressões sobre o panorama gastronómico atual de Lisboa e arredores. 

[Menu de Degustação de 5 Pratos (clicar na imagem para ver maior)]

Entre as críticas negativas, o Chefe Cordeiro e o Feitoria foram dos mais visados. Acusando a falta do chefe ao leme da cozinha numa noite em que ali esteve, Maribona elogiou o lugar e os vinhos, mas achou tudo muito caro e não gostou do que provou. 

[Tudo a postos para começar a degustação (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Uns meses mais tarde, em finais de Novembro, o mesmo Chefe Cordeiro, que já havia sido distinguido antes, em 2005 e 2006, com uma estrela Michelin quando estava à frente do restaurante Largo do Paço (Casa da Calçada, Amarante), repetiu a façanha, como já é sobejamente sabido, e conseguiu a primeira para o Feitoria. 

[um couvert simples, mas assertivo: quatro tipos de pães e azeite (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Quer isto dizer que Maribona se enganou redondamente e cometeu um erro grosseiro de avaliação? Possivelmente não, tanto que sabe como poucos do que fala e escreve, mas este episódio não deixa de dar razão a quem se queixa de que continua a haver um grande desconhecimento (e falta de sensibilidade) a nível internacional para julgar em todas as suas frentes a nossa alta gastronomia. 

[Chega o amuse-bouche servido em ardósia negra: camarões de Sesimbra para serem comidos com a casca (bem crocante), algas e chips. Vinho: espumante da Bairrada Ex-Libris 2006 (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Certo, certo é que a estrela Michelin obtida pelo Feitoria — a segunda para a cidade de Lisboa, num total histórico de 14 a nível nacional em 2012 —, com tudo de contra e subjetivo que se aponta ao método seguido pela Michelin, não resultou de uma única avaliação. O primeiro inspetor Michelin apresentou-se após a refeição, como é da praxe, mas o Chefe Cordeiro sabe, por experiência, que durante 2011 o restaurante terá sido visitado, anonimamente, por mais outros cinco ou seis. Uma estrela nunca é o resultado de uma única refeição sem o que se lhe aponte; é antes a soma de várias, em diferentes momentos e degustadas por diferentes inspetores, que, no final, têm de gerar unanimidade. 

[Cordeiro a brincar de Adrià: num copo de martini, é servido um gaspacho  translúcido e uma azeitona esferificada (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Quando foram anunciadas as estrelas deste ano, em Barcelona, Cordeiro e a sua equipa estavam em Lisboa, a braços com a rotina de mais um jantar. Na altura, para não pertubar o trabalho, contou apenas a boa nova aos seus colaboradores mais próximos, mas, já na madrugada, todos brindaram e se emocionaram. Não sendo novato nestas coisas, Cordeiro, nascido em Luanda mas transmontano por vocação e afeição, não se deslumbra facilmente, mas sabe que uma estrela na constelação de um restaurante pode fazer a diferença. 

[Primeira entrada a "valer": falsos raviolis de camarão e shitake, caldo de atum fumado com soja e jamim, e cogumelos pom pom blanc. Vinho: um chardonnay Quinta do Cidrô (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]
Em França, está provado que uma estrela Michelin aumenta, em média, 25% a faturação, e em Portugal? “Quando estava em Amarante, que não é Lisboa, dias após o anúncio da estrela recebemos logo, para nossa grande surpresa, o primeiro grupo de japoneses, que chegaram ali de guia Michelin em punho. E a faturação aumentou”, confidencia Cordeiro. 

[Prato de peixe: robado do mar com cuscos de lingueirão, cebolas roxas em vinagre do Douro e emulsão de bivalves. Vinho: um Quinta das Marias, da região do Dão (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


No Feitoria, com Dezembro e 2011 por um fio, o balanço permitia já sentir a influência da estrela, com casa cheia de estrangeiros, “mas também de portugueses, que começam a estar atentos a esta coisa das estrelas”, continua Cordeiro que, ainda assim, não tem pejo em assumir: “Ter sido jurado do concurso ‘MasterChef’, do ponto de vista comercial, equivale a três estrelas Michelin”. 

[Entre o peixe e a carne, um sorvete de maracujá para limpar o palato (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Quando surgiu o convite para participar na versão portuguesa do mesmo, Cordeiro hesitou em aceitar, mas o timing não poderia ter sido mais certeiro. O concurso tornou-o conhecido junto do grande público, abriu caminho para publicar o seu primeiro livro de receitas e, antes mesmo da estrela, aguçou o apetite para os restaurantes que, na qualidade de chef executivo, orquestra no Altis de Belém — o Feitoria é a menina dos olhos, mas no hotel existem ainda, mais em conta e informais, a Cafetaria Mensagem e o Bar 38º 41'.

[Prato de carne: costela de vitela Mirandesa com dome de batata e queijo terrincho, legumes da horta saltealdos. Vinho: Quinta da Casa Amarela 2008 (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


E qual é o segredo do Feitoria? A cada nova carta, e são várias por ano, Cordeiro não atua sozinho. Pelo contrário, “tudo é decidido, testado e (a)provado em equipa, e o que desagrada não entra”, revela, não escondendo igualmente que não se melindra em incluir pontualmente receitas de outras pessoas, como aconteceu com o prato de bacalhau criado por um dos seus colaboradores, ou mesmo até certos toques da cozinha tecnoemocional do mago catalão Ferran Adrià — como o gaspacho que apresenta sob a forma de dry martini, com uma azeitona esferificada (quando se trinca o seu interior está líquido, como se de um concentrado de azeitona se tratasse), ou as espumas que fazem a ligação em alguns pratos. 

[Pré-sobremesa: um Pastel de Belém de miniatura, servido quente e a desfazer-se na boca (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Será caso para dizer que um dos mais aguerridos defensores da gastronomia nacional se está a render a outras influências? “Em Portugal temos uns 15 chefs muito bons e a tendência geral é para que, cada vez mais, nos viremos para os produtos portugueses; sobretudo aqueles que só nós temos, como o porco Bísaro, os cuscos de Bragança, os enchidos, o peixe… A cozinha tradicional portuguesa é boa e agrada”. 

[Sobremesa: Parfait de chocolate 70% recheado com toffee, molho suave de amendoim e seu gelado. Vinho: um Porto Quinta do Noval (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


E o que faz um prato resultar e tornar-se um cartão de visita? Desde que está no Feitoria, o Chefe Cordeiro já acertou, pela reação do público, a mão várias vezes e o ponto de partida é simples: “Temos de reunir no mesmo prato sabores que agradem à maioria”. E como se chega lá? Às vezes numa brincadeira, como aconteceu com o “Porco Bísaro em ensaio de Cozido Transmontano”, que suscitou dúvidas, mas acabou por se revelar a grande sensação do atual menu pela forma como reinterpreta os ingredientes de um cozido, tornando-o mais leve e mais “visual”. Noutros casos, são experiências anteriores bem-sucedidas que indicam o caminho a seguir, como na sobremesa de panacota, que junta no mesma receita a técnica italiana, produtos nacionais como o Moscatel roxo, os figos confitados em calda e um truque que remonta ao seu pudim Abade de Priscos: gelado de tomilho com limão para cortar o excesso de doce. 

[Com o café, mignardises como as típicas areias ou as castanhas glacée (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]
 
Em cada nova ementa do Feitoria, Cordeiro arranja sempre maneira de ter presente os produtos de que mais gosta, mesmo que saiba de antemão ser ainda complicado arranjar fornecedores capazes de o abastacer sem quebras durante três meses. É um risco que corre por gosto e que o faz sentir no lugar certo: “O Feitoria é um diamante, que me permite fazer cozinha de autor e, mesmo estando num hotel, é autónomo e possui uma entrada separada. Mas, claro, um dia hei-de ter um restaurante em nome próprio.” 

Enquanto esse dia não chega, o Chefe Cordeiro sente-se nas suas sete quintas no grupo Altis, onde tem uma boa equipa — além dos seus braços direitos na cozinha, merece destaque o elegante chefe de sala e escanção André Figuinha, determinante para fazer a boa maridagem dos pratos com os vinhos por si selecionados e sugeridos — e dispõe de um espaço que, com alguns apontamentos discretos alusivos aos descobrimentos portugueses, agrada pela solução arquitetónica e pela vista desafogada para o Tejo. 

Altis Belém Hotel & Spa,
 Doca do Bom Sucesso, tel.: 210 400 200, encerra aos dom. e seg.. Além do serviço à la carte, possui menus de degustação a partir de €50 por pessoa.http://www.restaurantefeitoria.com

9.1.12

de volta ao darwin's café, num dia ensolarado de inverno


[Mesmo em pleno Inverno, a esplanada do Darwin's mantém-se aberta (foto de divulgação)]


Escrevi há uns tempos sobre o Darwin's Café aqui, mas não resisto a um encore. Não tanto pela comida, que continuo a achar não ser o seu ponto mais forte, mas pelo regalo que é, nos dias de Sol com que este Inverno nos tem brindado, continuar a dispor daquele espaço. De preferência durante a semana, escapando à confusão de quem o elege como "passeio de domingo".

[Final de tarde num dia de Janeiro (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Ainda o Champalimaud Centre For The Unknown não estava totalmente concluído, e já o Darwin’s Café fazia com que muitos lisboetas se deleitassem com um trecho de paisagem ribeirinha até então desconhecido, logo depois do Museu do Combatente, quase a chegar a Algés.

[Com o Tejo aos pés, o forte e a Torre de Belém na mira (©joão miguerl simões, todos os direitos reservados)]

O boca-a-boca correu ligeirinho e não tardou muito para que o seu amplo terraço, virado para o Tejo e com a Torre de Belém na mira, se convertesse no mais novo ai-Jesus das esplanadas estivais de Lisboa. O que muitos não esperavam é que, chegado o Inverno, a mesma pudesse continuar em funcionamento. Caso para agradecer a São Pedro, pelos magníficos dias de Sol, e à gerência do café que, a pedido de muitas famílias, foi adiando, adiando a sua desmontagem… até hoje.

[A fundação Champalimaud já é, por mérito próprio, um ícone arquitetónico da Lisboa ribeirinha (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Não que o Darwin’s, intramuros, não possua outros trunfos dignos de nota. Instalado numa das alas mais promissoras da fundação, que entretanto já figura por direito próprio entre os ícones arquitetónicos da capital, o café, que é também restaurante, possui um layout muito bem trabalhado — marcado por grandes janelas, uma estante de livros trompe-l'oeil e cinco abat-jours de teto gigantes que repetem a estampa de animais de uma tela igualmente XXL alusiva à teoria da evolução de Darwin —, que dá imediatamente no olho.

[Foto de divulgação]

Leonor Beleza, presidente da fundação, não abriu concurso para a concessação do espaço. Admiradora do conceito dos LA Caffés, lançou o desafio ao grupo Lanidor, detentor da marca, que aceitou o repto e o mote de ter Darwin como tema. A partir dessa ideia, o departamento de arquitetura da Lanidor assumiu o projeto e a equipa dos LA Caffés a gestão do restaurante-café.

[Foto de divulgação]

Quem chega não deixa de experimentar uma sensação parecida à que Alice terá vivido quando encolheu e tudo à sua volta, no País das Maravilhas, surgiu sobredimensinado. Nas paredes, aqui e ali, leem-se frases lapidares de Darwin impressas em letras garrafais. E, no entanto, o sentimento maior, e que perdura, é o de aconchego.

[Foto de divulgação]

A cozinha foi confiada, desde a primeira hora, ao chef António Runa, que transitou do LA Caffé da Avenida e chamou a si a missão de criar uma ementa internacional de autor, dividida em almoços e jantares, mas também capaz de dar resposta a quem deseja uma refeição mais leve (sobretudo nos meses de maior calor) ou passa apenas para um lanche, mais ou menos rápido, ao longo do dia.

[Foto de divulgação]

A ideia dos lanches, servidos entre as 16h30 e as 18h30, revelou-se certeira. Durante a semana, há quem venha de propósito e há quem esteja a passeio e não resista a entrar; já aos sábados e domingos, dias de maior movimento e confusão, o difícil é conseguir arranjar uma mesa, tamanha é a procura. Na ementa, scones, bolos à fatia, brownies e cupcakes, mas também opções mais “triviais” como sanduíches, croissants ou torradas a preços entre os três e os seis euros.


Fica o conselho amigo: se puder, fuja dos fins-de-semana; o serviço, por conta de tanta gente, não é tão bom.

[Foto de divulgação]

Das vezes que estive ali, sempre achei o atendimento simpático e informal, mas este precisou ser afinado para melhor servir o público da fundação. O mesmo se passou com o menu. Por norma, o mesmo muda três ou quatro vezes por ano e tenta repetir a fórmula de sucesso LA, só que, com o tempo e prática, perceberam-se algumas nuances fundamentais. 


Por exemplo, ao contrário dos LA Caffés, onde a clientela feminina é dominante, no Darwin’s são os homens, a negócios e/ou em trânsito pela fundação, que estão em maior número e se mostram mais assíduos. Essa constatação óbvia obrigou a criar duas ementas diferentes — uma para almoço e outra para jantar — com maior predominância de carnes e pescados  (mas, sem dramas, as saladas, quiches e companhia lda. continuam a marcar presença, vale?).

[Foto de divulgação]

Nada que atrapalhe António Runa, que, tendo em conta a presença maciça de famílias aos fins-de-semana, pensou ainda num menu infantil disponível aos almoços. Para os mais crescidos, o que inclui o cidadão anómino mas igualmente figuras como o ministro Paulo Portas, as opções mais tentadoras, com a maioria dos pratos principais abaixo dos €20, estão nos risottos, nos Brás de pato ou camarão, nos lombos de carne e peixe e até mesmo no hambúrguer de assinatura do chef (com carne de novilho).

[As ementas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Sobremesas várias completam a oferta, mas nada adoça mais a boca do que aquela vista que, sem pedir licença, vem do terraço e inunda a sala. Se for num dia de sol, em pleno Inverno, melhor ainda.

[©joão miguel simões, todos os direitos reservados]

Champalimaud Centre For The Unknown, Av. Brasília, Ala B, tel. 210 480 222, abertos todos os dias para almoços, lanches e jantares (exceto às segundas, quando encerra às 16h00) 

6.1.12

eric kayser, a propósito do dia de reis e de outras coisas boas

[A entrada da loja Eric Kayser em Lisboa, às Amoreiras (foto de divulgação)]

Não morro de amores pela localização da primeira loja Eric Kayser, mas ainda assim dei por mim, nos últimos tempos, a ir lá de propósito mais de uma vez.

Isso deve querer dizer alguma coisa, não?

Na verdade, não é que a localização seja má. Apenas não sou muito fã do conceito do Amoreiras Plaza, mas, menos mal, a Eric Kayser versão lisboeta encontra-se acessível a partir da rua, bem em frente a uma das entradas laterais do vizinho centro comercial das Amoreiras.

[A loja, com um espaço para refeições à retaguarda (foto de divulgação)]

Esclarecida a geografia, passo ao que realmente interessa.

[Moderna e ampla, assim é a primeira loja Eric Kayser em Lisboa (foto de divulgação)]

Temos muito bom pão e a nossa doçaria, pese algum exagero nas doses de açúcar e ovos, é de mão cheia, mas falta à tradição portuguesa um certo refinamento em que os franceses, justiça lhes seja feita, são mestres.

[Quando o tempo permite, há mesas na calçada (foto de divulgação)]

Por isso mesmo, e sem desprimor para os nossos produtos, têm-se sucedido em Portugal, sobretudo em Lisboa, novos endereços que procuram recriar, com a devida distância, as padarias e as pastelarias finas que o nosso imaginário associa a Paris.

[Uma das muitas coisas boas à disposição na Eric Kayser (foto de divulgação)]

Já falei de alguns casos mais recentes, como a Quinoa ou a Poison d'Amour, mas a primeira incursão da Eric Kayser em território nacional parece-me, até prova em contrário, a mais bem sucedida no seu conjunto.

[Eric Kayser, o francês que fez da padaria fina um bom negócio (foto de divulgação)]

Eric Kayser ainda se diz um artesão e um artista, mas a verdade é que a sua Maison Kayser se tornou, há muito, uma marca muito apetecível do ponto de vista dos negócios, pelo que o seu nome e conceito se estendem agora de Paris a Moscovo.

[A par dos pães, os doces são a grande perdição da Eric Kayser (foto de divulgação)]

A chegada a Lisboa deu-se pelas mãos dos sócios Laurent d'Orey, luso-francês dono da cadeia Monceau Fleurs, e do francês Lucien Letartre e tem corrido tão bem que, segundo me confidenciou o primeiro, já pensam em abrir, ainda durante o primeiro trimestre deste ano, uma segunda loja em Lisboa (endereço a anunciar).

[Os diferentes tipos de baguettes (foto de divulgação)]

A razão do sucesso está à vista. De manhã e ao final da tarde, sobretudo, é ver a fila que se forma para levar para casa muitos dos pães que não aquecem o lugar nas prateleiras. Entre as variedades mais apetecidas, vários tipos de baguettes (das rústicas às de cereais ou com sementes de papoila) e os pães de figo, nozes, frutos silvestres, queijo ou azeitona.

[O pão de nozes, uma das especialidades (foto de divulgação)]

Esta é uma padaria artesanal, pelo que vieram de Paris dois padeiros munidos das técnicas necessárias. Veio também um pasteleiro, outro dos trunfos desta casa, que enche o balcão envidraçado de guloseimas de arregalar os olhos como tartelettes, financiers, madalenas, mil-folhas, brownies, éclairs, mi-cuit de chocolat... e por ai vai, só para citar os mais evidentes, sem esquecer, claro, os macarons que saem à unidade (€1,1) ou à caixa.

[Os macarons à la Kayser (foto de divulgação (foto de divulgação)]

Os olhos comem, mas nem sempre os demais sentidos acompanham tamanho entusiasmo. Ciente dessa usual "armadilha", já provei ali, em diferentes ocasiões, croissants, pains au chocolat e diversos outros doces. Gostei particularmente do mi-cuit de chocolat (€1,80 a unid.) e do croissant, com uma massa tão fina e estaladiça que, sim, cumpria o preceito de se desfazer na boca. Já o pain au chocolat (€1,20 a unid.) saldou-se por uma vitória e um revés: num dia estava delicioso, massa e recheio de chocolate no ponto certo; numa outra vez, encontrei-o emaçarocado e o chocolate duro. Preciso de um tira-teimas.

[O Pain au Chocolat (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Outra coisa boa na Eric Kayser lisboeta, além dos preços razoáveis, é a sua opção de pequenos-almoços (ou de brunch aos fins-de-semana) — sai por €5 com direito a meia baguette, croissant ou pain au chocolat, compota de mel, manteiga, sumo natural de laranja e chá ou café — e de comidas ligeiras como sanduíches, quiches ou saladas.

[A tartelette de limão (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

O espaço também privilegia a praticidade, sem grandes frescuras. Não é um salão de chá rococó, é uma loja multifunções, moderna, com uma boa área à retaguarda — ponto para as mesas de madeira conjugadas com cadeiras brancas de Charles e Ray Eames — destinada a quem se quer demorar um pouco.

[O Bolo Rei da Eric Kayser (foto de divulgação)]

E já que estamos em Dia de Reis, a encerrar o período de festas que já vai longo, digo a quem (ainda) não sabe que a Eric Kayser, entre outros mimos da quadra, possui uma linha própria de Bolo Rei e, para quem prefere os frutos secos às frutas cristalizadas, de Bolo Rainha. Vêm embrulhados comme il faut e o seu preço ronda os €17 a unidade.

[O Bolo Rainha da Eric Kayser (foto de divulgação)]

Amoreiras Plaza, rua Silva Carvalho, 321-lj C, tel.: 211 927 894, de seg. a dom., entre as 07.30 e as 20.30
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