9.1.12

de volta ao darwin's café, num dia ensolarado de inverno


[Mesmo em pleno Inverno, a esplanada do Darwin's mantém-se aberta (foto de divulgação)]


Escrevi há uns tempos sobre o Darwin's Café aqui, mas não resisto a um encore. Não tanto pela comida, que continuo a achar não ser o seu ponto mais forte, mas pelo regalo que é, nos dias de Sol com que este Inverno nos tem brindado, continuar a dispor daquele espaço. De preferência durante a semana, escapando à confusão de quem o elege como "passeio de domingo".

[Final de tarde num dia de Janeiro (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Ainda o Champalimaud Centre For The Unknown não estava totalmente concluído, e já o Darwin’s Café fazia com que muitos lisboetas se deleitassem com um trecho de paisagem ribeirinha até então desconhecido, logo depois do Museu do Combatente, quase a chegar a Algés.

[Com o Tejo aos pés, o forte e a Torre de Belém na mira (©joão miguerl simões, todos os direitos reservados)]

O boca-a-boca correu ligeirinho e não tardou muito para que o seu amplo terraço, virado para o Tejo e com a Torre de Belém na mira, se convertesse no mais novo ai-Jesus das esplanadas estivais de Lisboa. O que muitos não esperavam é que, chegado o Inverno, a mesma pudesse continuar em funcionamento. Caso para agradecer a São Pedro, pelos magníficos dias de Sol, e à gerência do café que, a pedido de muitas famílias, foi adiando, adiando a sua desmontagem… até hoje.

[A fundação Champalimaud já é, por mérito próprio, um ícone arquitetónico da Lisboa ribeirinha (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Não que o Darwin’s, intramuros, não possua outros trunfos dignos de nota. Instalado numa das alas mais promissoras da fundação, que entretanto já figura por direito próprio entre os ícones arquitetónicos da capital, o café, que é também restaurante, possui um layout muito bem trabalhado — marcado por grandes janelas, uma estante de livros trompe-l'oeil e cinco abat-jours de teto gigantes que repetem a estampa de animais de uma tela igualmente XXL alusiva à teoria da evolução de Darwin —, que dá imediatamente no olho.

[Foto de divulgação]

Leonor Beleza, presidente da fundação, não abriu concurso para a concessação do espaço. Admiradora do conceito dos LA Caffés, lançou o desafio ao grupo Lanidor, detentor da marca, que aceitou o repto e o mote de ter Darwin como tema. A partir dessa ideia, o departamento de arquitetura da Lanidor assumiu o projeto e a equipa dos LA Caffés a gestão do restaurante-café.

[Foto de divulgação]

Quem chega não deixa de experimentar uma sensação parecida à que Alice terá vivido quando encolheu e tudo à sua volta, no País das Maravilhas, surgiu sobredimensinado. Nas paredes, aqui e ali, leem-se frases lapidares de Darwin impressas em letras garrafais. E, no entanto, o sentimento maior, e que perdura, é o de aconchego.

[Foto de divulgação]

A cozinha foi confiada, desde a primeira hora, ao chef António Runa, que transitou do LA Caffé da Avenida e chamou a si a missão de criar uma ementa internacional de autor, dividida em almoços e jantares, mas também capaz de dar resposta a quem deseja uma refeição mais leve (sobretudo nos meses de maior calor) ou passa apenas para um lanche, mais ou menos rápido, ao longo do dia.

[Foto de divulgação]

A ideia dos lanches, servidos entre as 16h30 e as 18h30, revelou-se certeira. Durante a semana, há quem venha de propósito e há quem esteja a passeio e não resista a entrar; já aos sábados e domingos, dias de maior movimento e confusão, o difícil é conseguir arranjar uma mesa, tamanha é a procura. Na ementa, scones, bolos à fatia, brownies e cupcakes, mas também opções mais “triviais” como sanduíches, croissants ou torradas a preços entre os três e os seis euros.


Fica o conselho amigo: se puder, fuja dos fins-de-semana; o serviço, por conta de tanta gente, não é tão bom.

[Foto de divulgação]

Das vezes que estive ali, sempre achei o atendimento simpático e informal, mas este precisou ser afinado para melhor servir o público da fundação. O mesmo se passou com o menu. Por norma, o mesmo muda três ou quatro vezes por ano e tenta repetir a fórmula de sucesso LA, só que, com o tempo e prática, perceberam-se algumas nuances fundamentais. 


Por exemplo, ao contrário dos LA Caffés, onde a clientela feminina é dominante, no Darwin’s são os homens, a negócios e/ou em trânsito pela fundação, que estão em maior número e se mostram mais assíduos. Essa constatação óbvia obrigou a criar duas ementas diferentes — uma para almoço e outra para jantar — com maior predominância de carnes e pescados  (mas, sem dramas, as saladas, quiches e companhia lda. continuam a marcar presença, vale?).

[Foto de divulgação]

Nada que atrapalhe António Runa, que, tendo em conta a presença maciça de famílias aos fins-de-semana, pensou ainda num menu infantil disponível aos almoços. Para os mais crescidos, o que inclui o cidadão anómino mas igualmente figuras como o ministro Paulo Portas, as opções mais tentadoras, com a maioria dos pratos principais abaixo dos €20, estão nos risottos, nos Brás de pato ou camarão, nos lombos de carne e peixe e até mesmo no hambúrguer de assinatura do chef (com carne de novilho).

[As ementas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Sobremesas várias completam a oferta, mas nada adoça mais a boca do que aquela vista que, sem pedir licença, vem do terraço e inunda a sala. Se for num dia de sol, em pleno Inverno, melhor ainda.

[©joão miguel simões, todos os direitos reservados]

Champalimaud Centre For The Unknown, Av. Brasília, Ala B, tel. 210 480 222, abertos todos os dias para almoços, lanches e jantares (exceto às segundas, quando encerra às 16h00) 

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