19.8.10

starbucks rossio

[Fachada do Starbucks Rossio e interior da loja, D.R.]


Quem duvidava do sucesso da cadeia norte-americana numa cidade como Lisboa, que se pode gabar quase de ter um café em cada esquina, deve estar agora a torcer o nariz - isso ou, como muitos, aderiu à moda de, para não dar o braço a torcer, engrossar a comunidade do Facebook onde se reúnem todos aqueles que se divertem a dar nomes falsos, quando não esdrúxulos, aos empregados.
Com a abertura no Rossio, em Junho, a Starbucks já soma seis unidades, mas esta tem um sabor particular por se encontrar instalada na ala direita, à entrada, da Estação do Rossio (o acesso faz-se pela rua ou pelo interior da gare). Quem ali pára são, sobretudo, os estrangeiros, mas gostaria de acreditar que a loja pode também funcionar como um novo pólo de atracção para muitos lisboetas que, nos últimos anos, passaram a evitar a zona.
Se a fachada neo-manuelina da estação confere um cachet particular a este Starbucks, o seu interior não difere muito do que já é a imagem de marca (paleta de castanhos, mesas individuais ou comunais, cadeiras e sofás, revistas para ler no local...), mas há uma novidade: esta é a primeira loja verde da cadeia em Portugal (e a quinta no mundo), o que equivale a dizer que ali os tapetes são feitos de pneus reciclados, as luzes de baixo consumo ou que se pratica uma política de contenção no gasto de água.
A gama de produtos à venda não se fica pela habitual lista de cafés, cappuccinos, frappuccionos ou moccas (a que os empregados tentam sempre acrescentar algum complemento como caramelo ou natas...), disponibilizando também de iogurtes, desde €1,50, até saladas, desde €4,50, sem esquecer sumos, bolos, muffins ou até alguns clássicos da pastelaria portuguesa como o incontornável pastel de nata. E se dúvidas houvesse de que é um Starbucks em Portugal, quem entra tem por costume ficar um pouco, ao invés de agarrar no seu café, devidamente acondicionado em embalagem de papel, e seguir caminho.

Estação do Rossio, Av. da Liberdade, 224, de seg. a sex., das 07.00 às 22.00, aos sáb. e dom., das 10.00 às 22.00

10.8.10

noitadas nos museus

A iniciativa, que não é de agora, está a decorrer desde Junho e vai prolongar-se até finais de Setembro. Este mês, a escolha recaiu nas quintas-feiras de 12 19 e 26.
Estive a espreitar a programação prevista para estes dias e, para meu espanto, encontrei contradições entre o que aparece no sítio oficial do Instituto dos Museus e o que tem sido divulgado na comunicação social (como é o caso da edição de 4 a 10 de Agosto da "Time Out Lisboa"). Seja como for, e isso é certo, não deixa de ser assinalável o facto de se poder visitar cerca de 20 museus e palácios de Lisboa excepcionalmente abertos fora de horas; que é como quem diz entre as 18.00 e as 23.00 (segundo a fonte oficial) ou 00.00 (a crer na Time Out).
Aqui encontra apenas as actividades previstas para estes dias relativas ao Museu Nacional de Arqueologia (12), ao Museu Nacional de Arte Contemporânea (19 e 26) e ao Museu Nacional de Arte Antiga (19), mas informação mais recente ressalta igualmente o Museu da Electricidade, o Museu Berardo, o Museu de Arte Popular, o Museu do Oriente, o Museu do Design e da Moda, o Museu do Fado ou os Paços do Concelho, na Praça do Município. Atenção que, nalguns casos, as visitas guiadas implicam marcação prévia. A entrada é livre.

9.8.10

combinados de verão da tease



aqui falei dos cupcakes da Tease, ao Bairro Alto. A criatividade continua em alta e na vitrina do balcão são cada vez mais numerosas as versões que tentam quem ali vai, mas as confortáveis poltronas forradas a veludo, imagem de marca da pequena casa, não combinam muito bem com temperaturas acima dos 30 graus...
Vai daí, a equipa da Tease, apoiada na experiência do Dave Palethorpe à frente do bar Cinco Lounge, teve uma ideia simpática: combinados, a partir de €5, de 1 cupcake à escolha + um café gelado, um chá verde ou um mazagran, que é como quem diz capilé.
Já experimentei o café gelado, servido em copo largo e alto, com muito gelo e uma dose generosa de chantilly (que eu teria dispensado, mas é uma questão de gosto), e saí, uma vez mais, agradado.

Rua do Norte, 31-33, de seg. a sáb, das 12.00 às 23.00

as melhores morangoskas de lisboa

[morangos, gelo picado e vodca preto, D.R.]

Não falha. De cada vez que levo um amigo a beber uma morangoska de vodca preto no Bairro Alto, a reacção é sempre a melhor e ficam fregueses. Se, de início, muitos torcem o nariz à cor escura da bebida e fazem um esgar de boca à laia de quem está prestes a ingerir tinta de choco, o certo é que, depois do primeiro gole, todas as dúvidas se dissipam.
A adesão a esta versão morena da bebida está a aumentar exponencialmente, tanto que há já quem tenha a ideia peregrina de criar uma receita na famigerada Bimby. Pois, eu mantenho-me fiel ao espírito original e, em Lisboa, os dois bares com as melhores morangoskas de vodca preto, servidas em copos XL (os famosos "baldes") que saem a €7 a unidade, ficam na rua da Barroca. Separados por alguns metros, mas em plena via láctea gay - que isso não sirva de desculpa a ninguém, pois quem frequenta o Bairro Alto sabe que a Barroca é suficientemente abrangente para acolher todos os que estão ali por bem e sem se importarem com rótulos -, o Kitsch Lab e o Fiéis aos Copos, ambos do grupo Fiéis (a saber: as dos Fiéis, por norma, são mais doces do que as do Kitsch), não têm mãos para tanto pedido.

Kitsch Lab, rua da Barroca, 15, de seg. a qui., das 21.00 às 02.00, sex. e sáb., das 21.00 às 03.00, aos dom., das 22.00 às 02.00
Fiéis aos Copos, rua da Barroca, 43, todos os dias, das 21.00 às 02.00

6.8.10

santini chiado

[Exterior e interior da Santini Chiado, fotos de JMS]


A Santini é um fenómeno. Os mais apressados dir-me-ão que não estou a dar novidade nenhuma e que é assim, em Cascais, desde 1949. Só que não estou a falar da casa-mãe (nem da que se seguiu em São João do Estoril), e sim da que abriu, o mês passado, no Chiado.
A pedido de muitas famílias, e não só, a Santini chegou, até que enfim, a Lisboa! E logo com filas diárias que ultrapassam a porta - e que obrigam a uma espera média de 10 minutos entre fazer o pré-pagamento e ser atendido ao balcão. A nova casa da famosa geladaria veio sacudir a concorrente Häagen-Dazs e está a criar uma rotina diferente na rua do Carmo, entre os que ali vão de propósito e os que passam, sobretudo estrangeiros, e ficam com a curiosidade aguçada por tamanho entra e sai.
Com duas salas, a geladaria está decorada a branco e encarnado, com vários posters alusivos à sua história e acomoda quem se quer demorar mais um pouco em banquetas ou - atenção ao apontamento design - mesas e cadeiras Tulip de Aero Saarinen. Em copo ou cone, os sabores são sobejamente conhecidos e quem é freguês sabe, regra geral, muito bem ao que vai.

A dica: um cone com duas bolas, talvez o pedido mais comum, sai por €2,50. Entretanto, acabo de ler na "Time Out Lisboa" que, para quem não gosta de perder tempo na fila, há um cartão (válido em todas as casas da cadeia) de dez unidades que pode ser comprado na caixa. Munido do seu, cada vez que ali for, é só passar directamente ao balcão, onde o tempo de espera é bem menor, e beneficiar da oferta de um gelado no final do cartão. Não sei se haverá muita gente interessada em empatar, de uma só assentada, €25 em gelados (isto no caso de optar pelo cone de duas bolas), mas não deixa de ser uma ideia feliz.

Rua do Carmo, 9, todos os dias, das 10.00 às 00.00

5.8.10

clube ferroviário

[O terraço do Clube Ferroviário, debruçado sobre o Tejo, D.R.]


Um amigo, já meio arrependido de ter escolhido o bairro do Beato para morar, ganhou há dias outro ânimo quando o levei a conhecer o terraço do Clube Ferroviário, um pouco depois da estação de Santa Apolónia, e percebeu que o novo ponto de encontro das tardes e noites está mesmo à mão de semear.
Claro que nem todos terão a sorte de ir e vir a pé, mas, ainda assim, em menos de dois meses desde a sua abertura, o Clube Ferroviário pode já considerar-se uma aposta vencedora capaz de, por si só, atrair àquelas bandas orientais de Lisboa uma clientela, entre os vinte e poucos e os trinta e muitos, engajada com as boas novidades. Ao facto, não será alheio ter Mikas, o conhecido proprietário do bar Bicaense que catapultou a Bica como capelinha noctívaga credível, entre os sócios da casa, pois este, além de rodado nestas lides, conta também já com um público fiel.
Seja como for, e juntamente com o publicitário Ricardo Sena Lopes, o fotógrafo Nuno Pinheiro de Melo e o realizador João Nuno Pinto, Mikas fez da antiga sociedade recreativa, debruçada sobre os carris, mas com vista desafogada para o Tejo, um lugar multi-usos onde cabem exposições, sessões de cinema, serviço de bar e restauração (assegurado pelo grupo responsável pela cadeia Magnólia, com destaque para os brunchs servidos aos fins-de-semana), performances e actuações de bandas e Dj's (que se dividem entre a sala TGV e o terraço, sobretudo de quinta a sábado). Ou seja, uma programação, a cargo de Sandro Benrós, sempre a mexer - e divulgada semanalmente através do Facebook -, de forma a que não falte um atractivo extra para levar as pessoas até lá.
O Clube Ferroviário não esconde que surge como complemento, ou mesmo alternativa, ao vizinho Lux, mas mesmo com toda a sua polivalência - que, confesso, ainda não explorei por inteiro -, arrisco-me a dizer que a sua grande vantagem comparativa está no fabuloso terraço. Ao final do dia, à noite ou de madrugada, o terraço, coberto por enormes redes, tapetes de relva sintética e uma profusão de cadeiras e mesas (onde se incluem as típicas poltronas das carruagens), é um chamariz a que ninguém, no seu perfeito juízo, resiste.

Rua de Santa Apolónia, 59, tel. 218 153 196, às qua., das 17.00 às 02.00, às qui. e sex., das 17.00 às 04.00, aos sáb., das 12.00 às 04.00, e aos dom., das 12.00 às 00.00

4.8.10

supercalifragilistic

[Ambiente de uma das salas do SuperCalifragilistic, com o bar ao fundo, D.R.]


No espaço de um mês, mais coisa menos coisa, já fui por duas vezes, em dias diferentes, com amigos diferentes, mas sempre ao jantar, pois o SuperCalifragilistic - a tal palavra mágica que Mary Poppins conseguia dizer sem entaramelar a língua, coisa de que, infelizmente, não me posso gabar... mas também desconfio não ser o único -, aberto de terça a sábado, não serve almoços.
Da primeira vez - que, em rigor, foi à segunda tentativa -, escolhi um sábado, o que me obrigou a reserva com um mínimo de dois dias de antecedência, já que este "tasco atípico", como desde logo se rotulou, caiu no goto dos que não gostam de se ficar pelo óbvio e confiam na propaganda eficaz do boca-a-boca - sem grande estardalhaço, o restaurante-bar tem marcado presença nas revistas da especialidade e aprendeu a usar o Facebook a seu favor.
Situado numa rua curvilínea de Alfama, um bairro que tenta desde há algum tempo, nem sempre com grande sucesso é certo, diversificar a sua oferta para lá das sardinhas assadas e das folias juninas, o SuperCalifragilistic dá-se ao luxo de não precisar de se anunciar com parangonas. Se não souber ao que vai, o mais certo é mesmo passar a porta sem sequer dar por ela. E, no entanto, aos fins-de-semana, as mesas, distribuídas por duas salas acanhadas - tenho ouvido falar numa esplanada, mas não a vi em funcionamento nas vezes em que ali estive -, não chegam para as encomendas.
Ao fundo, o balcão do bar, onde aviam cocktails em vez de copos de três, assanhado no seu padrão de tigresse, é a pièce de resistance da casa, mas, aos poucos, o tasco já afinou a sua decoração e disposição, com algumas trocas, mas mantendo-se sempre fiel ao espírito feira-da-ladra-meets-sala de jantar da avó. Não são os primeiros a apostar na receita, mas a sensação deste Verão explica-se mais pelo serviço/gestão informal da dupla Alexandra Sumares e Sofia Garrido e por uma cozinha despretensiosa e em conta que, sem se armar aos cucos, tem sabido renovar-se e surpreender - nalguns casos melhor, noutros nem por isso, mas sempre com boa vontade.
A ementa, de que também faz parte uma pequena carta de vinhos, é composta por um núcleo mais ou menos fixo de petiscos - como a sardinha explosiva, o vulcão de morcela, os bombons de farinheira, sem contar inúmeras variações montadas sobre pão ou ainda saladas -, dois ou três pratos do dia itinerantes e outras tantas sobremesas à escolha. No final, a conta raramente ultrapassa os €20 por pessoa. Nada mau.
O menos bom fica pela moda que agora pegou em certos meios de não disponibilizar pagamento por multibanco - como se o aluguer de €25 por mês fizesse assim tanta diferença no orçamento de quem se mete nesta empreitada - e pelo ambiente abafado que ali suportei numa das noites mais quentes de Julho, o que não serve de desculpa. Quem quiser ir à vontade, experimente os dias de semana, mas foi o que fiz da segunda vez e, sinceramente, acho que o tasco tem muito mais piada com a casa cheia. Uma questão de gosto, mas que pode fazer a diferença.

post scriptum: informei-me melhor e descobri que, para além do aluguer mensal, o uso do multibanco acarreta taxas para o estabelecimento por cada operação realizada.

Rua dos Remédios, 98, tm. 93 331 1969/91 250 6755, de ter. a sáb., das 18.00 às 02.00
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