13.4.11

extra: o melhor pastel de nata de lisboa em 2011

[E o melhor pastel de nata de Lisboa, em 2011, é... o da pastelaria A Chique de Belém (foto D.R.)]


O prometido é devido. Tal como avancei no post de ontem, a Confraria do Pastel de Nata, à boleia do evento Peixe em Lisboa, elegeu hoje o melhor de 2011 nesta categoria tão apreciada dentro e fora de portas. E o grande vencedor é o pastel de nata da pastelaria A Chique de Belém, à rua da Junqueira, junto ao Museu dos Coches e ao Palácio. Belém, que já conta com a mais emblemática casa da especialidade (mas os célebres pastéis de Belém, sabemos, são hors-concours), ganha assim um outro cartão de visita para quem aprecia o mais cotado e conhecido dos doces portugueses.


A concurso estavam 11 estabelecimentos e o júri que deu o veredicto final era composto pelo gastrónomo Virgílio Gomes (Presidente), o enólogo Domingos Soares Franco, o escanção Manuel Moreira, o chefe de cozinha André Magalhães e ainda por Rita Cupido, das Edições do Gosto.

Rua da Junqueira, 524, tel. 213 637 995, todos os dias, entre as 6.00 e as 21.00

12.4.11

extra: serge vieira no peixe em lisboa (dia 13-04, às 20.00)


[Chef luso-francês Serge Vieira, uma estrela Michelin, e uma das suas criações: Souvenir da Barreira de Coral, à base de crustáceos e bivalves com uma fina geleia de água mineral (fotos D.R.)] 


O certame gastronómico de que mais se fala nos últimos dias — bom sinal — já vai quase a meio, mas esta quarta-feira, 13,  vou voltar ao Peixe em Lisboa (ler post anterior aqui) por três razões de peso:
1. Quero aproveitar para continuar a degustar os acepipes. São 13 restaurantes presentes e é preciso repetir a dose para ter tempo, e oportunidade, para os correr a todos.

2. Serge Vieira, jovem chef de ascendência portuguesa, estará no auditório, às 20.00, para preparar algumas receitas e dar a conhecer ao público português o seu trabalho. O seu restaurante, que também é um pequeno hotel de charme, está instalado em Chaudes-Aigues, uma comarca francesa, famosa por suas águas termais, na região de Auvergne. À semelhança de Nuno Mendes (ler post anterior), também Serge está a fazer furor por ter ascendido à categoria dos super-chefs graças à sua estrela Michelin. 
Aos interessados, um aviso: reservem com antecedência o vosso lugar no auditório.

3. Ainda no auditório, mas às 15.00, a Confraria do Pastel de Nata vai eleger quem tem o melhor pastel de 2011 entre 11 concorrentes. A saber: ltis, Casa da Comida, Casinha do Pão, Estabelecimento Prisional do Linhó, Hotel Palácio, Hotel Ritz, Pastelaria Alcoa, Pastelaria Aloma, Pastelaria Chique Belém, Pastelaria Cristal e Pastelaria Suíça. Em 2010, a grande vencedora foi a Pastelaria Suíça, ao Rossio, em Lisboa.

Pátio da Galé, Terreiro do Paço, até 17 de Abril, das 12.00 às 00.00 (16.00 no último dia, 17), entrada desde €15/pax

10.4.11

extra: peixe em lisboa (até 17-04)

[Pátio da Galé, ao Terreiro do Paço, durante o evento Peixe em Lisboa e o chef Nuno Mendes (à dir.), do restaurante londrino Viajante, durante a sua apresentação no auditório (fotos de JMS)] 


A quarta edição do Peixe em Lisboa arrancou na passada quinta-feira, mas é provável que muitos tenham feito como eu e esperado pelo fim-de-semana para ir até ao Pátio da Galé, ao Terreiro do Paço. 


À semelhança do que aconteceu com a Moda Lisboa, também este evento gastronómico escolheu juntar às suas novidades um espaço ainda recente (inaugurado em Fevereiro) que, aos poucos e poucos, se vai dando a conhecer a locais e forasteiros. Para já, e fora as ocasiões especiais, o Pátio da Galé, na esquina da Praça do Comércio com a rua do Arsenal (numa área outrora ocupada por um parque de viaturas dos Correios), tem pelo menos duas esplanadas em funcionamento, mas dele, propriamente, falarei um outro dia.


A decorrer até ao dia 17 de Abril, entre as 12.00 e as 00.00, o Peixe em Lisboa, para quem não sabe, não tem só a ver com o dito. O seu primeiro grande atractivo, para um público atento mas não necessariamente gourmet, está precisamente na diversidade, pois reúne no mesmo espaço 13 restaurantes de primeira linha da Grande Lisboa: de Arola ao Eleven, passando pela Fortaleza do Guincho, José Avillez, Assinatura, sem esquecer o 100 Maneiras, o Umai, o Ribamar ou a York House.


Mas, a proposta é significativamente diferente, pois a ideia é que dêem a conhecer (e a provar) a sua cozinha de uma forma mais informal e a um custo mais acessível. Instalados em pequenos stands dispostos ao redor do pátio, todos os dias, cada um destes restaurantes prepara uma pequena lista de acepipes (entre pratos e sobremesas) que anuncia na respectiva ardósia negra.


Degustação é a palavra-chave, logo não espere porções XL, mas os preços também não vão além dos €5 a €8 (durante a semana, aos almoços, o bilhete de entrada por pessoa custa €15 e dá direito a 2 degustações de €5 cada; aos jantares, só dá direito a uma; grupos e/ou quem for mais vezes ficam a ganhar). As bebidas, por regra, saem a €1,50.


Outro atractivo está, a meu ver, no facto, de, em paralelo, haver uma programação que, consoante os dias, inclui provas de vinhos, cervejas e águas, aulas culinárias, workshops, harmonizações eno-gastronómicas, concurso do melhor pastel de nata, um mercado muito razoável de produtos regionais gourmet ou a caldeirada final da praxe.


O pequeno auditório, por seu turno, cumpre uma função mais direccionada para os amantes da alta gastronomia, entendidos ou não no assunto, pois recebe, à vez, um lote de chefs portugueses e estrangeiros de gabarito que, durante mais ou menos uma hora, preparam à frente da plateia vários pratos, enquanto explicam os mesmos e falam um pouco sobre si e sobre o seu percurso. Por lá já passou o catalão Sergi Arola (de que falei no post anterior), duas estrelas Michelin, ou o português Nuno Mendes, que, ao serviço do restaurante londrino Viajante, conquistou este ano a sua primeira estrela Michelin e está a despertar muita atenção. 


Não serão os únicos, pelo que vale a pena consultar o programa e confirmar quem serão os senhores que se seguem. É o que farei nos próximos dias e disso darei aqui conta.


Pátio da Galé, Terreiro do Paço, até 17 de Abril, das 12.00 às 00.00 (16.00 no último dia, 17), entrada desde €15/pax

5.4.11

extra: arola na lisboa restaurant week (até 09-04)

[Da esq. para a dir.: Sergi Arola (foto D.R.), entrada e recanto do Arola (fotos de JMS) no Penha Longa Spa & Golf Resort, em Sintra]

Num blogue dedicado à cidade de Lisboa faz também sentido que, uma vez por outra, a entendamos em sentido lato, de forma a poder sugerir coisas e lugares que, estando um pouco mais além, não deixam de constituir uma alternativa de passeio e evasão para quem está, de passagem ou não, na capital.

É o caso do restaurante Arola, instalado na Club House do Penha Longa Spa & Golf Resort, nos arredores da vila de Sintra. Ainda para mais quando há o pretexto de uma nova carta e a benesse do mesmo estar a propor, por ocasião da Lisboa Restaurant Week a decorrer até dia 9 de Abril, um menu especial de almoço e jantar — servido na esplanada, com vista para o campo de golfe — por apenas €20/pessoa. 

Na minha última visita fui a convite (por uma questão de isenção, insisto em dizê-lo sempre que tal acontece) com intuito de experimentar o novo menu de degustação (existe uma primeira versão, a €33/pessoa, com três entradas, um prato principal e três sobremesas; e uma segunda, a €45/pessoa, com seis entradas, um prato principal e três sobremesas), uma proposta a somar ao serviço habitual à la carte (mais informal e em conta na esplanada) e pontual, só nas noites de domingo, do Arola Tapas (selecção de tapas e de vinhos a €42/pessoa). 


[No topo, da esq. para a dir.: tostas catalãs; sardinhas portuguesas marinadas com maracujá e pimenta Calabresa; batatas bravas, servidas como entradas frias e quentes; em cima, da esq. para dir.: lombo de bacalhau com favas salteadas, puré de batata e emulsão de pimentão; trio de sobremesas com arroz doce de morango, sorbet de laranja e mousse de pistache; café com biscoitos (fotos de JMS)]


A boa notícia é que muito do que provei no Menu Sergi Arola II pode agora ser saboreado, a título excepcional, pelos tais €20 à cabeça, mas sem bebidas incluídas, o que torna o Arola, por regra mais exclusivo, acessível a um público maior. E ainda que a oferta se limite à esplanada — por sinal, muito agradável com a chegada do bom tempo —, nada o impede de apreciar o espaço no seu todo e de usufruir de uma experiência que inclui lascas de porco ibérico com rúcula, abóbora, queijo parmesão e molho de toranja ou uma Coca (uma das grandes novidades desta temporada são estas pizzas de massa de trigo, originárias das ilhas Baleares) com vegetais e azeite virgem como entradas; o lombo de bacalhau com favas salteadas, puré de batata e emulsão de Pimentón de la Vera (a minha escolha, tendo apreciado a inclusão da morcela) ou lombo de borrego com beringelas fritas e salada de citrinos como prato principal; e, para rematar como sobremesa, um arroz doce de morango, que traz a companhia de um sorbet de laranja e de uma mousse de pistache. 

Não quero terminar, sem falar um pouco de Sergi Arola. Durante anos a fio, deixou-se fotografar na sua moto, vestido de cabedal, de brinco na orelha e a palavra COOK tatuada nos dedos da mão direita. Arola não só tem look de estrela rock, como convive de perto com elas, sendo famosas estórias como a de que, certa noite, terá levado os REM a jantar à cervejaria Santa Barbara, em Madrid, para espanto dos que lá estavam. 

Encontrei-o, a última vez, na cozinha do madrileno Gastro, o restaurante que abriu depois de deixar o La Broche, e hesitava em apresentar-se com o seu traje de motard. Arola tem consciência de que a sua responsabilidade aumentou. Não se trata de fazer apenas jus às suas duas estrelas Michelin — foi o primeiro chef espanhol a conseguir arrecadar duas de uma só assentada —, mas de passar uma imagem credível enquanto empresário (depois de Barcelona, de Madrid e de Sintra, seguiu-se São Paulo e o Chile está nos seus planos mais imediatos). Arola sabe que muito do seu sucesso, que passa também pela televisão e pelos livros, assenta no seu ar de pop star, mas leva a cozinha muito a sério e, mesmo que muitos   continuem a apontá-lo entre os discípulos de Ferran Adriá, soube fazer a sua própria escola. 

Por isso mesmo, vale a pena experimentar a sua abordagem — ainda para mais a um preço especial se o fizer a propósito da Lisboa Restaurant Week — em território nacional, onde mantém a identidade catalã e a criatividade de sempre, mas com um toque mais atlântico.

Estrada da Lagoa Azul, Linhó, 2714-511 Sintra, tel. 219 249 028, de seg. a ter., das 07.00 às 19.00, e de qua. a dom., das 07.00 às 23.00

25.3.11

darwin's café (lanche)


[A sala do Darwin's Café, em Belém, vista de ângulos opostos (foto D.R.; foto de JMS); abaixo: scones (foto de JMS), logo e detalhe arquitectónico da Fundação Champalimaud (foto JMS)]



Para além do seu indiscutível mérito, a Fundação Champalimaud promete tornar-se, muito em breve, mais um ícone arquitectónico marcante da paisagem ribeirinha, já depois da Torre de Belém e do Museu do Combatente.

Mas enquanto não terminam as obras, uma das alas — precisamente a que fica virada para o passeio fluvial, com o Tejo e o forte em primeiro plano — foi estreada pelo Darwin's Café


Aberto há pouco mais de um mês, muitos lisboetas ainda não deram por ele, mas, a menos que algo não corra bem, tem tudo para se tornar um caso de sucesso. Além da localização, para lá de agradável, e do enorme terraço, o seu grande trunfo é a decoração do espaço — marcada por grandes janelas, uma estante de livros trompe-l'oeil e cinco abat-jours de tecto gigantes que repetem a estampa de animais da tela que nos remete para a teoria da evolução de Darwin —, que dá imediatamente no olho. O departamento de arquitectura da Lanidor foi quem assumiu o projecto, cabendo também à marca de vestuário, como já acontece nos LA Caffés, a gestão do restaurante-café.



Ao almoço e jantar, cozinha internacional de autor assinada por António Runa. Como não provei, abstenho-me de comentar para já. A minha primeira visita deu-se numa tarde ensolarada desta Primavera que ainda vai no adro, logo a hora era de lanche. Uma situação mais do que prevista pelo Darwin's — e mau seria se assim não fosse —, que reservou o horário das 16.00 às 19.00 para esse efeito. Entre as opções, possibilidade de partir directamente para a happy hour ou de fazer uma refeição ligeira (sopas a €2,50, hambúrgueres entre €10 e €12, tostas entre €8 e €9,50 ou sanduíches entre €7,50 e €10), mas foi criada a fórmula Lanche Darwin's, a €9, que inclui um sumo natural, chá à escolha, dois scones com compota e manteiga e um croissant.


Não tinha fome para tal, nem vontade de gastar tanto; fiquei, por isso, agradado por me ser permitido pedir simplesmente um cappuccino (entre várias outras escolhas possíveis, entre €1,50 e €4, além de vários chás a €2,50) e scones (€3,50 dão direito a três, com compotas e manteiga). Paguei €5,50 e deixei gorjeta porque achei o serviço francamente simpático e atencioso.


Fundação Champalimaud, Av. Brasília, Ala B, tel. 93 203 2579/76, lanches das 16.00 às 19.00 (excepto às seg. e ter., que encerra às 16.00)

24.3.11

eureka shoes store






[Montra da Eureka Shoes (foto de JMS), ao Chiado, e interior da loja (foto de divulgação); abaixo: colecção masculina (foto de divulgação)]



Depois de várias lojas e até um outlet mais a norte, eis que, desde Dezembro de 2010, Lisboa já conta com a sua primeira loja Eureka Shoes. No começo da rua Nova do Almada, quase a tocar na da Conceição, não chama logo à atenção, mas quem sabe ao que vai não tem como se enganar. 

Criada em 2009, esta rede de sapatarias é um negócio de família e distingue-se das demais por ter como principal alvo uma clientela mais urbana e atenta às tendências da moda que também passam, pois então, pelo calçado.

A loja de Lisboa tem dois ambientes (à entrada estão as colecções masculinas, na retaguarda ficam as femininas), mas a tónica comum é um ambiente pop barroco, com música de fundo, flyers e publicações de moda. Na minha última incursão, apanhei a Eureka algo desfalcada, entre uma colecção e outra, pelo que acusei a falta de opções sobretudo em matéria de ténis (ou sapatilhas, como preferirem) de nomes como o estilista Nuno Gama (que se junta a outros parceiros como Phillipe Souza ou a G-Star Raw, entre marcas próprias como a Grotesque, a Swear, a Dock Star ou a Bruut). 

Ainda assim, não foi tempo perdido. Além de uma óptima relação qualidade-preço (encontrei um modelo nacional por €99 praticamente idêntico a um outro da internacional Gant, que vira uns dias antes a mais de €160) e de trazerem designers e marcas que nem sempre se acham com facilidade na capital, destaco o facto de terem uma abordagem moderna e de apostarem em criações menos vistas, mas perfeitamente comerciais. Outra boa notícia é que, já a partir de Junho/julho, iniciam a venda online

Rua Nova do Almada, 26-28, de seg. a sáb., das 10.00 às 19.30

22.3.11

koni store (encerrou)

[Interior da Koni Store (foto de JMS), ao Chiado, e close-up do koni de morango e Nutella (foto D.R.); abaixo: fachada, virada para o largo Bordalo Pinheiro (foto de JMS)]


aqui falei antes da chegada das temakerias a Lisboa. A mais recente responde pelo nome de Koni Store e é um franchise da cadeia brasileira que mais sucesso faz do outro lado do Atlântico quando se fala não de sushi, mas sim dos cones de algas e arroz com recheios variados.


Até ver, os três sócios portugueses — Francisco Vasconcelos, António Mendonça Alves e Diogo Saraiva de Ponte — estão apenas no Chiado, virados para o largo Bordalo Pinheiro, mas há planos para muito mais; assim pegue a moda de ir, a qualquer hora do dia e da noite (a pensar nos noctívagos, a Koni fica aberta até às duas da manhã, de quinta a sábado), "aos konis".



Misto de restaurante e fast-food, a Koni do Chiado é agradável, informal e moderna, mas sem pretensões a ser "design". A ideia é ser funcional e prática, tanto para quem pede e fica por ali mesmo, como para quem encomenda e leva para comer fora. À disposição, 21 tipos diferentes de konis (como preferem chamar aos temakis), com uma variedade que abarca desde os clássicos com salmão ou atum até às misturas mais inusitadas ou às tempuras. Quentes ou frios, é à vontade do freguês.


Não são, porém, os konis salgados que me têm feito ali voltar, sempre que estou por perto à hora de lanchar, mas sim o koni de morango com Nutella em cone de bolacha, a estrela-maior da secção de doces que inclui ainda outras opções — também já provei o koni de mousse de manga com hortelã — pensadas para a sobremesa ou para um momento de fraqueza. Esta versão, que ganha novos e ferrenhos adeptos graças ao boca-a-boca, custa €2,50 e vai bem com um chá do dia (quente ou frio), a €1,50.

Rua da Trindade, 28, tel. 213 462 426, todos os dias, das 12.00 às 23.00 (até às 02.00, de qui. a sáb.)

18.3.11

penhas douradas food & factory

[Entre os produtos à venda na PDF estão os jellies, os caramelos de mel silvestre, as línguas de gato de feijoca, o mel de rosmaninho ou o pesto de urtiga (fotos D.R.); abaixo: interior da loja, ao Chiado, foto de JMS]


Comece por decorar o número da porta, 103, e por fixar as seguintes coordenadas: um pouco abaixo dos Armazéns Chiado, na rua Nova do Almada, ao lado da Levi's e frente ao Hotel do Chiado. Caso contrário, e à falta de letreiro ou outro sinal exterior visível, o mais provável é que passe pela PDF — abreviatura adoptada pela Penhas Douradas Food & Factory — sem dar por ela.
Mas a localização é boa e o conceito tem o seu mérito. A Casa das Penhas Douradas, um projecto de turismo de charme na serra da Estrela, foi o ponto de partida para que surgisse, desde Novembro de 2010, esta pequena (mínima) loja em Lisboa. A primeira impressão é que não há muito ali para ver ou comprar, mas essa ideia, que não é totalmente descabida, dissipa-se à medida que nos vamos fixando nos detalhes e trocando dois dedos de conversa com uma das sócias da PDF, que não só explica como faz ainda questão de dar a provar muitos dos produtos à venda.
Porque os olhos também comem, é bom dizer que se nota um cuidado especial nas embalagens e na apresentação, mas a intenção não se fica nas aparências. Por um lado, e recorrendo à preciosa consultadoria do chef Luís Baena — pioneiro em Portugal da cozinha molecular —, desenvolveram uma linha gourmet que, tendo por base ingredientes naturais da serra, chega às nossas mãos sob a forma de bisnagas de mel (rosmaninho ou urze) e de pestos variados, potes de chutney de castanha, citrinos ou abóbora, geleias, torrões, biscoitos, boletos ou rebuçados. Por outro lado, foram desencantar o burel, um tecido ancestral da mesma região que está cada vez mais a cair em desuso, e aplicaram-no, em diversas cores para além do tom cru, em mantas, tapetes, brinquedos, almofadas, individuais, entre outras coisas mais ou menos utilitárias.
Entendida a dualidade da PDF, saí com uma bisnaga de mel de rosmaninho (€5) e outra de pesto de urtiga (€4,50), mas é bem provável que ali volte em breve. É que, entretanto, já pus à prova o pesto (numa massa de espinafres) e este superou largamente as minhas expectativas.

Rua Nova do Almada, 103, tel. 212 456 910, de seg. a sex., das 11.00 às 20.00, e aos sáb., das 11.00 às 19.00

17.3.11

j'adore macarons

[Embalagens da J'adore Macarons com mini-macarons, fotos D.R.]


Depois dos cupcakes, os macarons. Modismo ou não, o tempo logo dirá, como sempre acontece nestas coisas. Até lá, não vejo que venha grande mal ao mundo por estarmos a tentar diversificar a oferta e a alargar a paleta de cores e sabores.
Não me vou alongar muito a explicar o que são os macarons. Biscoitos ou bolachas, o termo certo não é fácil de encontrar, mas, para lá da quase infinidade de recheios possíveis e cores imaginárias, ressalta a sua forma arredondada, a sua consistência crocante sem ser estaladiça, com uma massa que não chega a ser esponjosa e se desfaz, juntamente com o recheio, na boca. A receita, dizem, veio de Itália, mas foi em França, sobretudo na corte de Versalhes, que foi elevada à categoria de arte. No resto, casas parisienses como a Ladurée ou, mais recentemente, a Carette asseguram a tradição e os seus macarons são copiados um pouco por todo o mundo.
E é aqui que a coisa começa a piar mais fino. Copiar não é difícil; difícil é acertar na massa e nos recheios, pois pode até parecer uma brincadeira, mas nas melhores casas especializadas em macarons há chefes pasteleiros a tratar do assunto, o que deve querer dizer alguma coisa.
Em Lisboa, que eu saiba, podemos degustá-los no salão de chá Castela do Paulo, encomendá-los no sítio da Maison Macarons e comprá-los no ponto de venda da J'adore Macarons, ao Chiado. Das duas primeiras opções não falarei por falta de conhecimento próprio, mas fui, por fim, aos Armazéns Chiado, na rua do Carmo, para conhecer os macarons em versão lisboeta. Nas últimas semanas, várias publicações têm apresentado a J'adore Macarons como novidade, mas o negócio das amigas Mafalda e Liliana, apesar de bem intencionado e com um visual cuidado (o layout e as embalagens não são originais, mas fazem vista), divide as opiniões de quem já provou e gostou ou não.
Se reparar bem, eu falei em ponto de venda e não em loja. Não foi por acaso. Quando estiver no 4ª piso dos armazéns, no mesmo onde fica a entrada da Fnac, não procure uma loja e aponte antes na direcção da Bluestore, pois é em frente que está o pequeno quiosque da J'adore Macarons. À disposição, vários recheios (que, de caras, achei algo previsíveis: pistache, banana, café, caramelo, frutos do bosque, baunilha...) e tamanhos (do mini, a €0,55/unid, ao regular, a €1,10/unid, passando por versões maiores e especiais que chegam a custar €3,50/unid). Pensei em optar pela caixa composta de seis unidades (mini-macarons), mas ter-me-ia de sujeitar aos sabores — que não me entusiasmaram por ai além — e preferi eu mesmo escolher os que queria levar.
Na hora, provei um de pistache e outro de frutos silvestres. O tamanho dos regulares pode até ser generoso, mas pareceram-me mal acabados, para não dizer toscos. Tudo bem, é um trabalho artesanal, mas uma das coisas que mais distingue os macarons é a sua subtileza e finesse, o que falta aos da J'adore Macarons. Para não me ficar apenas nas aparências, acrescento que a massa estava fresca, mas tenho de dar razão a quem a comparou à de um suspiro. Excessivamente quebradiça. O recheio também não me deslumbrou e reforçou-me a sensação de estar a comer merengue e não legítimos macarons.
De propósito, fiz questão de guardar os restantes no frigorífico para ver como se portariam de um dia para o outro. Aguentaram relativamente bem e não notei que tivessem ficado mais secos, mas o veredicto está dado. São terríveis? Não, não são, mas também não são nada de especial. E isso, para quem sonharia encontrar em Lisboa macarons "à séria", pode ser uma valente decepção.

Armazéns Chiado, rua do Carmo, nº2, piso 4, todos os dias, das 10.00 às 22.oo

16.3.11

confraria lx (casa de chá)

[Entrada na rua do Alecrim, serviço de chá e aspecto geral da sala; abaixo: scones; fotos de JMS]


Testado (e aprovado) o conceito em Cascais, os sócios decidiram tentar também a sua sorte em Lisboa, pelo que da soma nasceu a Confraria Lx.
A recuperação de muitos edifícios, a par da abertura de lojas, restaurantes e cafetarias, está a dar um segundo fôlego à rua do Alecrim, e foi precisamente ai, logo no início para quem vem do Cais do Sodré, que o restaurante assentou arraiais. Não está sozinho, pois partilha o prédio azul — que por isso não passa despercebido — com o Lx Boutique Hotel, mas tem porta aberta para a rua e está pensado para servir quem passa, independentemente de estar ou não a pernoitar.
Ao almoço e jantar, à imagem e semelhança do que acontece na matriz, reinam o sushi, as saladas, as tapas e as sobremesas, mas disso, se for o caso, falarei numa outra oportunidade. É que me apeteceu ir à Confraria Lx a meio da tarde e testar até que ponto não se anuncia igualmente como casa de chá só da boca para fora.
À chegada, o anúncio de que vinha para lanchar causou na funcionária atrás do balcão uma momentânea hesitação... Confirmado que vinha, mesmo, para o chá e scones, tratei de me instalar junto a uma das janelas. O espaço é bonito, em tons de azul, rosa, lilás e castanho, com várias opções e recantos, além de apontamentos como candelabros ou aplicações pontuais em papel de parede inglês.
A fórmula chá (à escolha entre preto, preto perfumado, verde e vermelho sem teína, todos à €3) mais torrada ou scone, que sai por €5, pareceu-me perfeita, mas apreciei saber que, se quisesse, poderia ter antes optado por um simples café (que é como quem diz cappuccino, chocolate quente, galão, meia de leite ou até mazagran, que eu prefiro continuar a chamar de capilé) e que não receberia um redondo não caso me apetecesse uma salada, uma quiche ou um doce. E tudo, acrescento, a preços razoáveis.
Feito o pedido, tratei de puxar das minhas revistas (não me lembro de ter visto no local à disposição) e deixei-me ficar, confortável e sossegadamente, no meu canto, entretido da vida. O chá veio primeiro (detalhe: um bule inteiro para um e não a caneca ou chávena que muitos, sovinamente, começaram a adoptar); o scone demorou mais um pouco, mas a espera foi amplamente compensada pelo facto de vir aos pares e a fumegar. Ponto para eles, que acabaram assim por ganhar mais um freguês.

Rua do Alecrim, 12-A, tel. 213 426 292, o salão de chá encerra à seg. e funciona das 15.00 às 19.30
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