[Foram-se as toalhas de mesa e entrou a cor (foto de divulgação)] |
Os anos passam.
Até mesmo para os hotéis.
Aberto em 2005, o Bairro Alto Hotel (BHA) depressa tornou-se um ponto de encontro, para lisboetas da gema e do coração, entre a elegância do Chiado e a boémia do Bairro.
[Picar e partilhar são os verbos a conjugar nesta nova fase do Flores (foto de divulgação)] |
Perdemos todos a conta às vezes em que o seu bar-terraço, perfeito ninho de cucos para ver a cidade ribeirinha de cima, foi eleito um dos mais desejados a nível internacional dentro do seu género. Mais abaixo, qual par de jarras a escoltar a menina e moça receção, o café-bar BA e o restaurante Flores também ajudaram a somar pontos e a amealhar, mais do que clientes, amigos.
Mas porque um hotel não pode nem deve dormir na forma, o BHA achou por bem encerrar as portas entre o final de 2012 e o começo de 2013 para sacudir a poeira, renovar a pintura, substituir o que já acusava cansaço e adaptar-se às novas vontades.
[Mudou a decoração, mas o homem ao leme continua a ser Vasco Lello (foto de divulgação)] |
Reabriu dia 1 de fevereiro, sem alardes, mais contemporâneo e menos formal. O Flores do Bairro (como se passou a chamar) é disso a prova maior. As mesas libertaram-se das toalhas, a loiça e os tachos de ferro fundido remetem-nos, ainda que estilizadamente, para a tradição portuguesa e há luminárias, arranjos de flores, tecidos e até um aparador, a pièce de resistence, coloridos.
Não se perdeu a classe. Ganhou-se foi uma maneira de estar mais adequada ao público que se pretende preservar e ganhar.
Meses atrás, quando Vasco Lello, o jovem chef que se mantém ao leme do Flores do Bairro, introduziu na carta uma versão do bitoque (ler aqui) era já um prenúncio de mudança.
[A loiça remete-nos à tradição portuguesa (foto de divulgação)] |
De nada adiantaria mudar a forma sem mexer no conteúdo, por isso Lello marca a presente temporada do Flores do Bairro com petiscos e pratos que todos reconhecemos, na sua base, do receituário tradicional, a que ele deu a volta para os chamar de seus.
Não é um propósito novo, convenhamos (sobretudo numa época de tanta tasca e taberna da nova geração em Lisboa), mas Lello consegue, sem a pretensão de ser mais do que é, algumas soluções que, helàs, não nos soam nem sabem a mais do mesmo.
E se os hábitos mudaram e a Troika obriga a que muitos portugueses façam agora mais contas na hora de ir comer fora, o Flores dá provas de sensatez e apresenta fórmulas que incentivam, a bom custo, o petisco e a partilha à mesa.
Sem choradinhos.
[Cabeça de xara com saladinha de favas (foto de divulgação)] |
Nas entradas, para picar (desde três euros), destaque para a cabeça de xara com saladinha de favas, os peixinhos da horta com molho romanesco ou a açorda de lascas de bacalhau, pimento vermelho e ovo escalfado.
[Chips de corvina e arroz de berbigão (foto de divulgação)] |
Nos peixes, provei e gostei do arroz de berbigão com chips de corvina.
[Cabritinho assado com alecrim (foto de divulgação)] |
[Empada de perdiz (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Nas carnes, o meu coração bateu mais forte pela empada de perdiz, mas a perna de cabritinho assado com alecrim também não fez feio.
[Pêra com chocolate, requeijão e biscoitos de amêndoa (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Nas sobremesas, vale a pena reservar apetite para meter a colher na pêra com chocolate, requeijão e biscoito de amêndoa, no crumble de maçã e nos papos de anjo com frutos vermelhos.
[Crumble de maçã (©joão miguel simões, todos os direitos reservados] |
Escusado será acrescentar, à laia de conclusão, que a mesa comum no centro da sala não é mera figura de retórica.
[Papos de Anjo com sorvete de frutos vermelhos (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Vá e leve um amigo.
[Tarte de chocolate com ganache (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Ou dois. Ou três.
Bairro Alto Hotel | Praça Luís de Camões, 2, almoços das 13.00 às 15.00 (menu executivo a € 18,50) e jantares das 19.30 à`s 23.00
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