19.12.11

momo

[A entrada do MoMo, no Casino de Lisboa (foto de divulgação)]


A oriente, inaugurado em finais de Novembro no Casino de Lisboa, há um novo restaurante que se diz pan-asiático e não esconde ao que veio.

Confesso que quando ouvi pela primeira vez o seu nome, MoMo, fiquei intrigado... Tinha lido que o empresário argelino Mourad Mazouz, há muito radicado na capital britânica, havia decidido exportar o conceito do seu Momo londrino até Beirute e, de repente, quase acreditei que Lisboa pudesse ter sido eleita para nova réplica.

[A decoração é assinada pelas arquitetas Cristina Santos Silva e Ana Menezes Cardoso (foto de divulgação)]

Não foi o caso.

Trata-se, tão-só, de uma coincidência — já agora, o nome remete-nos para os populares dumplings, bolinhos de massa de pão cozidos a vapor sobre um caldo de carne ou legumes —, sem que isso cause algum constrangimento ou melindre ao grupo Lágrimas Hotels & Emotions. 

[Pé alto e grandes vidraças criam um espaço mais impactante (foto de divulgação)]

Com provas dadas em restaurantes e hotéis de norte a sul de Portugal, este grupo viu no espaço vago do último andar do Casino de Lisboa, no Parque das Nações,  uma oportunidade de negócio e, num tempo recorde, tratou, sem cair no explicitamente óbvio, de recriar ali uma atmosfera oriental condizente com o conceito. A boa vista é outro dos seus trunfos.

[Os vasos chineses, à entrada, vieram do Hotel Infante Sagres (foto de divulgação)]

Preto e encarnado são os tons dominantes. Miguel Júdice, o CEO do grupo, acompanhou de perto todo o processo, mas quem assina a decoração é a dupla de arquitetas Cristina Santos Silva e Ana Menezes Cardoso, que viveram um bom tempo em Macau. Foi dele, porém, a ideia — e o risco assumido — de trazer dois enormes vasos chineses, legítimos, do Hotel Infante Sagres, no Porto, para dar outra imponência à entrada do MoMo.

[O layout moderno contrabalança os toques orientais da decoração (foto de divulgação)]

Claro que o MoMo não pode ser alheio ao facto de se encontrar num casino e de fazer parte das suas ofertas. Isso obriga-o a um ritmo específico e explica a aposta no conceito pan-asiático, exótico quanto baste, mas abrangente e simplificado o suficiente para proporcionar, em diferentes níveis, uma viagem gastronómica que pisca assumidamente o olho aos que ainda não ousaram render-se por completo às delícias da cozinha oriental.

[A boa vista é outro dos trunfos do MoMo (foto de divulgação)]

Como num cruzeiro com diferentes escalas num mesmo itinerário, o MoMo propõe-se, ao misturar na carta pratos de procedências várias como a Tailândia, China, Vietname ou Índia, dar a provar e a conhecer — sem sair da zona de conforto, mas com toque autoral — novas combinações, sabores e texturas. Para quem nunca provou, funciona como uma iniciação; para quem já ousou ir além, não será tão inovador, mas apresenta uma relação custo-benefício bem interessante.

[Paulo Morais, o chef do Umai, foi quem desenhou a carta do MoMo (foto de divulgação)]

Para isso a contribuição de Paulo Morais, que desenhou e testou a ementa, foi determinante. À frente do Umai, com Anna Lins, o chef é visto entre os seus pares como uma referência incontornável quando se fala de cozinha asiática em Portugal, pelo que muitas vezes é chamado a prestar consultadoria em outros projetos. Foi o que aconteceu aqui: ele não está no comando do MoMo, mas as criações são suas.

[O bacalhau, um dos pratos mais felizes do MoMo (foto de divulgação)]

Entre tudo o que pude ali degustar num jantar de apresentação — e foi muita coisa! —, ficou-me sobretudo na memória um prato assinado por Morais que tem tudo para agradar e surpreender os amantes do fiel amigo: bacalhau fresco assado com molho de miso, yakimeshi e salada de legumes assados. É daquelas combinações que, embora com o seu quê de inusitado, resultam num final feliz.

[O caranguejo de casca mole crocante (foto de divulgação)]

Também apreciei o caranguejo de casca mole crocante, uma iguaria bastante comum no Brasil, e o facto de algumas sobremesas do Grupo Lágrimas que já se tornaram "clássicos", como o pão-de-ló ou o crème brûlée, se apresentarem revisitadas e em novas companhias. Nos vinhos, à falta de asiáticos credíveis, optou-se por vinhos europeus (Portugal incluído, claro) capazes de complementar e enaltecer o equilíbrio entre o doce, o salgado e o picante deste tipo de pratos.


[Uma cozinha de fusão agradável à vista e acessível à maioria dos palatos (foto de divulgação)]


Os preços à la carte são acessíveis, com entradas na ordem dos €10-€12, pratos a menos de €20 e sobremesas entre os €4 e €8. Vale, no entanto, a pena destacar a fórmula dos menus-expresso, pensados para quem está com pressa de jogar ou ver um espetáculo e quer ser servido em 30 minutos, que saem por €25 em cinco combinações possíveis:

Menu Japão: camarão tigre e novilho grelhado com yakimeshi e legumes salteados 
Menu Tailândia: caril verde com peixe e marisco e arroz de jasmim; som tom Thai; salada de papaia verde 
Menu Índia: vieiras em espuma de caril; pão naan com chutney; salada de arroz tufado com ervas aromáticas; kofta de borrego 
Menu Vietname: rolo de papel de arroz com legumes; phô bó (caldo de carne); salada de manga e camarão 
Veggie Pan Asian: couve pak choi salteada; mini crepes de legumes; beringela chinesa grelhada com molho de miso; pad thai (massa salteada com tofu e legumes)

[O sashimi, a par do sushi, está presente em força no menu (foto de divulgação)]

A considerar igualmente, o menu de degustação, com sete pratos e uma sobremesa escolhidos pela casa, que sai por €42. O MoMo pretende ainda ser uma opção fiável para quem quer simplesmente comer sushi e sashimi.

Casino de Lisboa, Alameda dos Oceanos, Parque das Nações, de ter. a sáb., entre as 19.30 e a 01.00. Por se encontrar dentro do casino, o MoMo está aberto apenas a maiores de 18 anos.

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