1.6.11

sushicafé avenida

[Uma das duas salas de refeições, mais resguardada dos olhares de quem passa (fotos de divulgação)]

Nem de propósito. Eis-me de volta à rua Barata Salgueiro, na porta ao lado do Guilty by Olivier, tema do post anterior.

Há uma razão de ser. Na verdade, há até mais do que uma, mas fiquemos por aquela que pesou mais na minha decisão: o factor novidade. A última incursão da rede SushiCafé abriu as portas em finais de Abril, perto da Cinemateca, e começou logo a chamar sobre si as atenções pelo projecto arquitectónico.

Em dois dias, cometo o mesmo erro. Chego pouco antes da uma da tarde, crente de que num restaurante com capacidade para até 80 pessoas, e num dia da semana, não vou precisar de reserva. Erro crasso. O SushiCafé Avenida ainda está meio vazio (meio cheio?), mas a hostess — decididamente, a moda tardou a chegar, mas agora é contá-las... — não perdeu tempo a trazer-me à terra: tudo reservado nas três salas, lugares, por enquanto, só mesmo ao balcão, no sushibar. Bem feito para não subestimar a adesão dos lisboetas a modismos.

Mas será este novo SushiCafé um modismo? É, sem dúvida, um lugar da moda, mas, ao contrário do vizinho do lado, parece ter outros argumentos de peso para justificar o seu sucesso imediato que não seja apenas o facto de ser giro e de ter gente gira.

[Logo à entrada, aberto para a rua, o bar (à esq.) e parte dos lugares sentados (à dir.) que vêm no prolongamento do sushibar (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Para começar, o layout está bem trabalhado, a brincar com o branco, o dourado, mas também com as formas, ora desconstruídas, ora encaixadas, criando separadores modulares que conseguem, no mesmo espaço, dar a ilusão de quatro ambientes distintos. Não é novo, mas resulta e faz um brilharete.

[Zona de transição entre o sushibar e as salas de refeições mais recuadas e intimistas (foto de divulgação)]

De trás para a frente, temos a sala japonesa, em tons de dourado e castanho, seguida de uma outra sala de refeições, predominantemente branca, que, já num corredor, conta ainda com algumas mesas ao estilo de um dinner,  com bancos corridos dourados, até chegarmos ao balcão do sushibar, com vários sushimen em acção, onde voltamos ao branco. O bar, em frente, esse é dourado.

[O sushibar (foto de divulgação)]

A atmosfera descontraída, mas badalada, deste SushiCafé lembrou-me muito os japoneses que encontramos no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro. Em rigor, não se trata de um japonês puro e duro, no sentido mais formal, pois a ementa, criada pelo chef Daniel Rente, faz incursões pela cozinha molecular, joga com as diferentes texturas dos alimentos, mas tem praticamente tudo que se espera encontrar num bom japonês, mais as novidades (como a secção temakis) e coisas pouco habituais entre nós como o Guindara Goma (bacalhau de pele negra com molho de sésamo) ou o Buta Shoga (barriga de porco cozinhada a baixa temperatura).

[A ementa pensada para os almoços, com três opções de menus (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Instalado ao balcão — e depressa me apercebi do privilégio, pois não foram poucos os que chegaram depois e nem já ai tiveram lugar —, hesitei entre pedir à la carte ou escolher um dos três menus disponíveis para o almoço (€16,50, €19,50 e €21,50, sempre três pratos com direito a chá ou a outra bebida de pressão). A preguiça falou mais alto e acabei por me decidir pelo menu do meio, o Omakase Sake Teriyaki; para beber, um chá verde gelado.

[primeiro prato, Misoshiru com um agrado do chef ao lado (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Demorei mais para pedir do que era suposto, e recomendável, mas na hora de começarem a servir à mesa (ao balcão, no caso), a coisa já correu melhor e célere q.b. Primeiro veio o Misoshiru. Toda a gente já comeu o caldo de miso ou missô (pasta obtida a partir da fermentação de vários ingredientes como arroz e cevada), cebolinho, sésamo, wakame (alga), tófu e pó de shitase, mas este estava muito feito. Ao lado, um mimo do chef, uma carne em molho agridoce cujo nome me esqueci de anotar.

[Bolsas Orientais (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Seguiram-se três Bolsas Orientais sobre uma pedra de basalto.  No fundo, envelopes ou saquinhos feitos em papel de arroz recheados depois com rúcula, manga, inari (tófu frito) e camarão. Uma combinação certeira, que me conquistou pela frescura.

[Sake Teriyaki (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Para encerrar com chave de ouro, o Sake Teriyaki, um lombo de salmão teriyaki (marinado e depois grelhado na brasa) muito saboroso, escondido sob um novelo de batata doce — uma capa muito fina e estaladiça — enfeitado com legumes. Quase dispensava a tigela de arroz que veio como acompanhamento.

[A acompanhar o salmão, uma tigela de arroz com sementes (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Saciado, dispensei o café e a sobremesa, tendo pago no final €21 (pedi uma água extra ao menu). E, mais importante, sai satisfeito e agradado pela qualidade da comida, pela frescura dos ingredientes e pelo conceito. Tanto que fiquei seriamente tentado a experimentar as suas SushiBoxes, as marmitas com vários tipos de combinados que se podem encomendar no serviço de take-away.

Rua Barata Salgueiro, 28, tel. 211 928 158, almoços, de seg. a sáb., entre as 11.00 e as 16.00; jantares, de seg. a qui. entre as 19.00 e a 01.00, sex. e sáb. entre as 19.00 e as 02.00 

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