[em cima: Livraria Buchholz, antes e agora; abaixo: fachada na Duque de Palmela]
Aproveitei um final de tarde de calmaria para dar um pulo à LeYa na Buchholz, inaugurada a 8 de Abril. É um regresso a casa, já que após um período de incerteza - em que sobrou apenas um pólo no Chiado, no largo Rafael Bordalo Pinheiro, entretanto encerrado, com a transferência dos serviços para a Sá da Costa, na rua Garrett, nº100/102 -, a livraria reabre no endereço da Duque de Palmela, ao Marquês de Pombal, quase na esquina com a Alexandre Herculano.
Para quem gosta de livros, mas também de livrarias com peso e história, é motivo de regozijo. Por um triz, a velha Buchholz, fundada pelo alemão Karl Buchholz em 1943, escapou a um fim anunciado graças à parceria entre a LeYa, de que faz parte a Oficina do Livro por exemplo, e a Coimbra Editora Livrarias.
Na adaptação aos novos tempos, perdeu-se parte da solenidade - a antiga Buchholz tinha outra imponência -, mas ganhou maior funcionalidade, com as várias secções bem sinalizadas, um acervo virado para as necessidades (e vontades) do mercado actual e está, porventura, mais confortável, pois existem diversos sofás em pele para que nos possamos sentar e demorar.
Ao todo são três pisos - na prática, só dois estão em permanência abertos ao público -, onde houve o cuidado de manter as estantes de madeira e várias peças, como os bancos e escadotes que servem para alcançar os livros no topo, como recordação. Há um piano de cauda e toda uma estrutura montada para receber, com regularidade, lançamentos de livros, conversas entre escritores e outras actividades que façam sentido na sua agenda cultural.
Não sendo a Duque de Palmela uma rua de grande passagem, apesar de paralela à Avenida da Liberdade, a nova Buchholz vai ter de criar uma dinâmica própria se quiser sobreviver à concorrência de grandes superfícies como a Fnac. Porque nem eu nem outros lisboetas vamos continuar a ir ali só porque faz parte da nossa memória afectiva. É preciso mais. Para já, arrisco a sugerir que lhe falta, quiçá, um pequeno café charmoso, adequado ao espaço e à função, capaz de funcionar como um atractivo extra. Os puristas podem até torcer o nariz, evocando que uma livraria não deve precisar desse tipo de "artifícios" para atrair interessados, mas em muitos países, como o Brasil, é prática corrente e não vem daí mal ao mundo. Muito pelo contrário, são, na maioria das vezes, uma mais-valia.
Rua Duque de Palmela, 4, de seg. a sáb. das 10.00 às 20.00
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