[Vista aérea do Palácio e Parque da Pena, em Sintra (foto com direitos reservados)] |
Como os demais lisboetas, também eu, por conta dos afazeres, do trânsito, do pavor a enchentes de fim-de-semana e de outros pretextos que tais, acabo por ir a Sintra muito menos vezes do que deveria.
E, ainda assim, sempre que lá vou, muito raramente dou o tempo por mal empregue.
Felizmente, de quando em vez dou por mim a ter de fazer de cicerone a amigos de fora e Sintra, certo e sabido, faz quase sempre parte do "pacote".
No último sábado, num dia atípico de Verão — o que me deu logo a secreta esperança de encontrar a vila mais esvaziada de turistas... —, foi o que fiz.
Cumprida a visita "obrigatória" à Quinta da Regaleira — a minha atracção preferida em Sintra, assumo —, saboreadas as primeiras queijadas da Sapa e feito o reconhecimento ao centro histórico, impunha-se uma decisão: escolher um dos palácios da vila, já que não teríamos tempo, nem paciência, para visitá-los a todos de rajada numa única tarde.
[Palácio da Pena visto do parque (©pedro casquilho, todos os direitos reservados)] |
Por unanimidade, o escolhido foi o Palácio da Pena.
Antes, porém, um preâmbulo. Salta à vista desarmada que, ao abrigo do programa Sintra INOVA, a vila está mais organizada e modernizada para melhor servir os turistas. Exemplos? Venda online e pontos alternativos de venda de bilhetes para dispersar as filas de espera, controlo electrónico de estacionamento, sistema de videovigilância, os principais espaços da Paisagem Cultural interligados por um anel de comunicações em fibra óptica ou até um sistema multimédia 3D da mesma.
Até aqui tudo bem. Conveniente também a criação de três linhas de autocarros que, a intervalos regulares, percorrem as principais atracções de Sintra e arredores, dispensando o uso do automóvel.
Animados por esta perspectiva, apanhámos o autocarro que faz o Circuito da Pena e logo nos foi cobrado, à cabeça, €5 por ida e volta. "Meio Salgado" poderiam ter dito os meus amigos brasileiros, mas educamente não soltaram um ai e até elogiaram o serviço.
De facto, funciona bem. Mas chegados à entrada do Palácio da Pena, cobraram-nos mais €12 por pessoa (bilhete normal de adulto, sendo que existem várias modalidades, inclusive um bilhete de família por trinta e poucos euros), o que achei um exagero.
[A guarita em forma de minarete com cúpula mourisca (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Não confundamos as coisas. O Palácio da Pena precisa ser mantido com dignidade e houve um claro investimento no parque em seu redor, que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, pode agora também ser visitado com percursos e atracções devidamente assinaladas num mapa distribuído juntamente com o bilhete. Mas a Pena não é Versalhes e €12 parece-me um preço muito exagerado.
O pior é que não fica por aqui. Entre a entrada no complexo e a entrada no palácio dá mais de um quilómetro de subida ou descida íngreme. Não é para todos, por isso mesmo há um serviço de autocarro para assegurar o trajecto. Seria lógico que o transporte estivesse incluído no preço da entrada, não? Pois não está. São mais €2 por pessoa, ida e volta.
[O mapa distribuido à entrada, juntamente com os vários bilhetes de acesso à Pena (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Resumo da história: €19 por pessoa. Por muito que eu goste da Pena e reconheça a sua singularidade, não posso deixar de me interrogar se vale tudo aquilo que custa actualmente.
E é uma pena; não gosto de ter este tipo de dúvidas.
Palácio e Parque da Pena, www.parquesdesintra.pt, horários de visita: parque, das 09.30 às 20.00 (época alta) e das 10.00 às 18.00 (época baixa); palácio, das 09.45 às 19.00 (época alta) e das 10.00 às 17.00 (época baixa)